Enrique Peña Nieto, presidente do México: O comércio bilateral, no ano passado, foi de US$ 9,09 bilhões, com um déficit para o Brasil de US$ 1,170 bilhão (Claudia Daut/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de setembro de 2012 às 15h33.
São Paulo - O presidente eleito do México, Enrique Peña Nieto, começa a partir desta quarta-feira uma visita de dois dias ao Brasil para tratar das relações políticas e comerciais entre as duas maiores economias da América Latina.
A visita faz parte de uma agenda de viagem que passa por seis países da região. Na segunda-feira, Peña Nieto esteve na Guatemala, onde se encontrou com autoridades do país. Depois de passar pelo Brasil, o futuro líder visitará Colômbia, Chile, Argentina e Peru.
O presidente eleito começará a etapa brasileira de sua viagem na cidade de São Paulo, onde se reunirá com líderes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Na quinta-feira, Peña Nieto viaja para Brasília, onde terá um encontro com a presidente Dilma Rousseff. Logo depois, seguirá para o Chile.
Brasil e México exercem uma liderança regional por conta do tamanho de suas economias. O objetivo principal da viagem é "construir uma agenda multilateral com temas como migração, segurança e desenvolvimento econômico", de acordo com a equipe do presidente eleito.
Ambos os países também fazem parte da mesa do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo desenvolvido e em desenvolvimento, que nos últimos anos teve um papel relevante na busca de soluções para a crise financeira mundial. Além disso, os também fazem parte da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC).
Na reunião de quinta-feira com Dilma, é esperado que Peña Nieto aborde também outros assuntos da agenda política internacional, embora essa visita não tenha caráter oficial, já que ele ainda não assumiu o cargo.
Também é esperado que Peña Nieto defenda uma consolidação da relação bilateral mediante uma maior troca comercial após superar as diferenças que surgiram no início do ano pelas restrições brasileiras às importações de veículos mexicanos.
Essa medida fez com que fosse realizada uma revisão do Acordo de Complementação Econômica, em vigor desde 2003, que regula o comércio de automóveis entre ambos os países, estabelecendo limites de troca para não prejudicar as respectivas indústrias automobilísticas.
"Consideramos o Brasil um parceiro indispensável na América Latina e um interlocutor sem parâmetros no hemisfério", disse Peña Nieto em entrevista à revista "Época".
Na entrevista, o presidente eleito acrescentou que pretende "consolidar uma relação" com o Brasil, já que a "capacidade comercial" de ambos os países representa "grandes oportunidades".
O comércio bilateral, no ano passado, foi de US$ 9,09 bilhões, com um déficit para o Brasil de US$ 1,170 bilhão.
Nos primeiros oito meses deste ano, as trocas somaram US$ 7,077 bilhões, mas o Brasil já somou um déficit de US$ 1,507 bilhão, segundo dados do governo.
Apesar de o comércio bilateral ter se intensificado nos dois últimos anos, em 2011 o México foi o destino de apenas 1,55% das exportações brasileiras, enquanto o Brasil importou 2,27% do país.
O Brasil é, além disso, o principal destino dos investimentos mexicanos na América Latina, com um acúmulo de US$ 17 bilhões, grande parte por conta do setor telecomunicações, número que contrasta com os cerca de US$ 1,1 bilhão investidos pelo Brasil no México até o ano passado.