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Novo governo da Itália será formado por líder da esquerda

"Eu levarei o tempo necessário, é uma situação difícil", reconheceu Bersani, que prometeu um governo que promoverá "mudanças e reformas, entre elas a do sistema político"


	Bersani não quis aliar-se à direita do ex-primeiro-ministro e magnata das Comunicações Silvio Berlusconi, mas conseguiu o apoio do Movimento 5 Estrelas (M5S) de Beppe Grillo
 (Max Rossi/Reuters)

Bersani não quis aliar-se à direita do ex-primeiro-ministro e magnata das Comunicações Silvio Berlusconi, mas conseguiu o apoio do Movimento 5 Estrelas (M5S) de Beppe Grillo (Max Rossi/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de março de 2013 às 20h56.

O presidente da República da Itália, Giorgio Napolitano, anunciou nesta sexta-feira que encarregou o líder da esquerda, Pier Luigi Bersani, de formar um governo para tirar a Itália do atoleiro político no qual se encontra, após os complexos resultados das eleições legislativas de fim de fevereiro, que não tiveram um claro vencedor.

Bersani, líder do Partido Democrático, aliado da formação de extrema esquerda Sel, que obteve a maioria absoluta na Câmara de Deputados, mas não no Senado, necessária para conquistar a confiança do Parlamento e poder governar, afirmou que tentará ser equilibrado e ponderado em suas decisões.

"Eu levarei o tempo necessário, é uma situação difícil", reconheceu Bersani, que prometeu um governo que promoverá "mudanças e reformas, entre elas a do sistema político", afirmou.

Bersani não quis aliar-se à direita do ex-primeiro-ministro e magnata das Comunicações Silvio Berlusconi, mas também conseguiu o apoio do Movimento 5 Estrelas (M5S), do irreverente humorista "antissistema" Beppe Grillo, inesperadamente convertido em líder da terceira força política do Parlamento.

A instabilidade política da terceira economia da zona do euro gera preocupação em todo o Velho Continente em pleno abalo causado pela crise no Chipre.

Na véspera, Grillo pediu ao presidente italiano que fosse encarregado da formação do novo governo, afirmando que as últimas eleições legislativas haviam tornado o seu movimento a "maior força política do país por número de votos obtidos".

"Por essa razão, pedimos oficialmente um mandato para formar um governo e colocar em andamento nosso programa", declarou à imprensa a presidente dos deputados do M5S, Roberta Lombardi, após uma reunião com o presidente Giorgio Napolitano, que contou com a participação de Beppe Grillo.


O M5S obteve o maior número de votos nas eleições legislativas de 24 e 25 de fevereiro, mas terminou como a terceira força parlamentar, atrás das coalizões de esquerda de Bersani e de direita de Silvio Berlusconi.

Com a designação de Bersani, Napolitano tenta resolver a complexa situação antes que termine sua mandato, em 15 maio, também alvo de negociações secretas entre os partidos.

Há várias semanas Bersani tenta em vão obter o apoio de Grillo, porta-voz dos indignados italianos.

O programa de governo de Bersani é limitado e inclui uma redução do número de parlamentares, uma das maiores exigências do Movimento 5 Estrelas.

A Itália está sem uma maioria clara em um contexto de recessão e alto endividamento, e com a Comissão Europeia pedindo que mantenha as reformas econômicas e de austeridade empreendidas pelo gabinete anterior do tecnocrata Mario Monti.

Bersani vai tentar reunir uma maioria de parlamentares, incluindo no Senado, sobre um programa de oito pontos que contém diversas reivindicações caras ao M5S.

A direita de Berlusconi não acredita em um governo de esquerda e mantém a esperança de que Bersani se veja obrigado a se procurá-la para conseguir uma maioria parlamentar e evitar um retorno às urnas.

"Vários desses oito pontos coincidem com as medidas e projetos de lei que queremos apresentar", considerou na noite desta sexta-feira Berlusconi, em uma entrevista concedida à televisão. "Precisamos de um governo estável e operacional para enfrentarmos a situação econômica", acrescentou.

Já Grillo afirmou em seu blog que seu movimento não apoiará o gabinete de outro partido, nem liderado por um técnico ou um pseudotécnico, depois de realizar consultas com Napolitano.

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