Refugiada resgatada: as 20 novas vítimas encontradas pela guarda costeira grega faleceram após o naufrágio de seu barco (Giorgos Moutafis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de janeiro de 2016 às 15h13.
Atenas - Ao menos 44 imigrantes, entre eles 20 crianças, morreram no mar Egeu, nesta sexta-feira, em três naufrágios entre as costas grega e turca, elevando para 139 o número de refugiados mortos este mês no Mediterrâneo.
Na base de dados difundida pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), janeiro de 2016 bateu um novo e macabro recorde de refugiados mortos em relação ao mesmo mês em 2015 (82) e 2014 (12).
As 20 novas vítimas encontradas pela guarda costeira grega faleceram após o naufrágio de seu barco próximo à pequena ilha de Kalolimnos, o que causou 34 mortes.
Outras sete pessoas se afogaram quando sua embarcação afundou em frente a ilha de Farmakonissi. Além delas, guardas costeiros turcos encontraram os corpos de três crianças depois do naufrágio em frente à localidade de Didim, segundo a agência Dogan.
A busca continua nessas zonas, uma vez que, segundo as 26 pessoas que puderam ser resgatadas, várias dezenas de viajantes estavam a bordo.
Na quinta-feira, ao menos 12 imigrantes, entre eles algumas crianças, morreram afogados perto da costa turca do mar Egeu, após naufragar a embarcação que os levava às ilhas gregas. Os guardas costeiros turcos conseguiram resgatar 28 pessoas.
Apesar do frio, milhares de imigrantes, a maioria fugindo das guerra na Síria, Iraque e Afeganistão, aventuravam-se dia após dia nas águas do mar Egeu com o objetivo de alcançar as ilhas gregas, porta de entrada da Europa.
Desde o começo do ano, a OIM contabilizou 31 mil chegadas às ilhas gregas do Egeu oriental, um número 21 vezes maior do que janeiro de 2015.
UE não consegue financiar sua promessa
Neste contexto, a chanceler alemã Angela Merkel, criticada em seu país e isolada na Europa, buscava o apoio da Turquia para reduzir o fluxo de migrantes.
Para tal, Merkel se encontrava, nesta sexta-feira, em Berlim, com o chefe de governo turco Ahmet Davutoglu e seus principais ministros para uma reunião de consultas germano-turcas, que a chanceler qualifica como "chave" para resolver a crise migratória.
A Turquia, país de passagem para muitos candidatos a conseguir asilo na Europa, desempenha um papel central na estratégica de Merkel em reduzir este ano, de forma significativa, o número de solicitantes de asilo que chegam na Alemanha, e que alcançaram o número recorde de um milhão em 2015.
"Temos um interesse comum de que cheguem menos refugiados à Turquia e que a Turquia simplesmente não os deixe passar. É para isso que queremos determinar nossos interesses comuns, para que isto acabe", declarou, na quinta-feira, o ministro alemão do Interior Thomas de Maizière.
A União Europeia (UE) prometeu, no final de novembro, três milhões de dólares à Turquia em troca de uma melhora no controle de suas fronteiras e da luta contra os traficantes de pessoas, mas os governos europeus não conseguem financiar sua promessa e, ao mesmo tempo, acusam o país turco de não cumprir o que foi acordado.
Dividida pela crise migratória, a UE prepara uma revisão de regras para receber refugiados, cuja carga repousa de maneira desmensurada em alguns poucos países, mas o plano de modificação desperta resistências em numerosos países.
A repartição, tal como propôs a Comissão, faria com que Alemanha, França, Espanha e inclusive Polônia recebessem os maiores contingentes de imigrantes. A Grã-Bretanha poderia se eximir desta obrigação, conforme permitem os tratados europeus.