Ilustração do coronavírus, responsável pela covid-19 (fotograzia/Getty Images)
Repórter
Publicado em 22 de fevereiro de 2025 às 09h50.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2025 às 11h03.
Pesquisadores identificaram, nesta terça-feira, 18, um novo coronavírus em morcegos de Hong Kong, na China, que pode ter potencial de transmissão em humanos semelhante ao Sars-CoV-2, responsável pela pandemia de Covid-19.
A descoberta ocorre pouco antes do quinto aniversário da pandemia no Brasil. O estudo, conduzido pelo Instituto de Virologia de Wuhan e pelo Laboratório de Guangzhou, foi divulgado pela revista Nature e na plataforma Cell.
A nova cepa, batizada de HKU5-CoV-2, foi identificada pela equipe da virologista Shi Zhengli, reconhecida por sua atuação no Instituto de Wuhan durante a pandemia.
O vírus HKU5-CoV-2 pertence à família dos merbecovírus, um grupo de patógenos já encontrados em visons e pangolins – apontado como possível elo de transmissão entre morcegos e humanos na Covid-19.
O estudo destaca que há centenas de tipos de coronavírus, mas apenas alguns são capazes de infectar humanos, como o Sars, o Sars-CoV-2 e o Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio).
Segundo os cientistas, tanto o HKU5-CoV-2 quanto o Sars-CoV-2 se ligam à enzima ACE2 para invadir células humanas. Testes de laboratório indicam que a nova variante tem capacidade de infectar células humanas, mas, até o momento, não foi detectada em pessoas. O receptor ACE-2 também é utilizado pelo vírus NL63, responsável pelo resfriado comum.
Os especialistas observaram que o vírus contaminou tecidos pulmonares e intestinais cultivados com células humanas em ambiente artificial. Eles chegaram a essa conclusão por meio da técnica Crio-EM, que emprega um microscópio de alta potência.
“Os merbecovírus de morcegos, que são filogeneticamente relacionados ao MERS-CoV, apresentam alto risco de transmissão para humanos, seja por transmissão direta ou facilitada por hospedeiros intermediários", diz o estudo.
Apesar da descoberta, os especialistas ressaltam que ainda é necessário investigar os riscos reais de disseminação do vírus para humanos.