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Novo centro de processamento de minerais vai fazer com que o Canadá dependa menos da China

Instalação em Saskatchewan faz parte de uma estratégia norte-americana para fortalecer a produção de minerais essenciais para tecnologia e defesa

Canadá quer enfrentar o domínio chinês no mercado de minérios e tem o apoio dos Estados Unidos para tal. (Getty Images)

Canadá quer enfrentar o domínio chinês no mercado de minérios e tem o apoio dos Estados Unidos para tal. (Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 20 de setembro de 2024 às 10h07.

O Canadá deu um passo estratégico na busca por independência na cadeia de suprimentos de minerais críticos com a inauguração de um novo centro de processamento em Saskatchewan. A instalação, gerida pelo Saskatchewan Research Council (SRC), foi projetada para processar minerais essenciais para a fabricação de tecnologias verdes, equipamentos de defesa e produtos aeroespaciais, setores que atualmente dependem fortemente do controle chinês sobre o mercado de terras raras.

De acordo com o Financial Times, a instalação será responsável pelo processamento de minerais vindos de países como Austrália, Brasil e Vietnã, até que novas minas sejam abertas no Canadá. A abertura do centro faz parte de um esforço mais amplo das nações ocidentais para enfrentar o domínio da China no setor, já que o país asiático controla quase 90% do processamento global de terras raras. A produção desses minerais é crucial para a fabricação de veículos elétricos, turbinas e equipamentos militares, setores em expansão em um mundo que caminha para a transição energética.

Competição por recursos

O novo centro de Saskatchewan é parte de um esforço norte-americano para criar uma cadeia de suprimentos robusta e independente de minerais críticos. O projeto, que recebeu um investimento de C$ 100 milhões (R$ 400 milhões), foi projetado para produzir materiais suficientes para fabricar até 500 mil veículos elétricos por ano, de acordo com Mike Crabtree, CEO do SRC. A expectativa é que a instalação sirva de modelo para novos centros de processamento que poderão ser replicados em outras partes da América do Norte.

A iniciativa é vista como um avanço importante para garantir que os países ocidentais tenham acesso a esses minerais sem depender da China. A capacidade de controlar toda a cadeia de suprimentos, desde a mineração até o processamento e a produção de ligas metálicas, é essencial para competir no mercado global de terras raras. Com a demanda por esses minerais projetada para aumentar significativamente nas próximas décadas, especialmente no setor de energia renovável, a instalação em Saskatchewan marca um ponto crucial na estratégia ocidental.

Apoio dos Estados Unidos

O Pentágono tem sido um importante financiador de projetos relacionados a terras raras, investindo cerca de US$ 1 bilhão (R$ 5,43 bilhões) nos últimos anos em todo o mundo. Nos EUA, um projeto similar ao da SRC está sendo desenvolvido no Texas pela australiana Lynas Rare Earths, e deve começar a operar ainda este ano. No Canadá, empresas como Fortune Minerals e Electra Battery Materials têm recebido apoio financeiro do governo americano para fortalecer as cadeias de suprimento de cobalto e grafite.

No entanto, executivos do setor apontam que ainda há muitos desafios pela frente. A falência da Vital Metals, que operava o primeiro projeto de terras raras no Canadá, ressaltou a dificuldade de competir com a China. Quando a empresa tentou vender seu estoque de minerais para o mercado chinês, o governo canadense interveio, comprando o estoque por C$ 3 milhões (R$ 12 milhões) para garantir que ele fosse processado no novo centro de Saskatchewan.

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