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Novas variantes do coronavírus se espalham com rapidez na África

A África é o continente menos vacinado do mundo, e programas de imunização de muitos países dependem da iniciativa global que visa garantir acesso equitativo às vacinas, a Covax

Programa de vacinação em Nairobi, no Quênia. Novas variantes que se espalharam pelo sul e leste da África aumentam desafio de controlar a pandemia (Robert Bonet/NurPhoto/Getty Images)

Programa de vacinação em Nairobi, no Quênia. Novas variantes que se espalharam pelo sul e leste da África aumentam desafio de controlar a pandemia (Robert Bonet/NurPhoto/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 6 de maio de 2021 às 09h45.

Última atualização em 6 de maio de 2021 às 15h04.

Novas variantes do coronavírus se espalharam pelo sul e leste da África, o que aumenta o desafio de controlar a pandemia, segundo análise de dados genômicos.

Uma cepa detectada pela primeira vez na África do Sul no fim do ano passado “está dominando completamente todas as infecções no sul da África e parece estar entrando na África Oriental”, disse o brasileiro Túlio de Oliveira, diretor do Krisp, um instituto de genômica da cidade portuária de Durban, que lidera um grupo que estuda os dados. “Outra variante domina completamente as infecções na Uganda e Ruanda e se espalha por meio de rotas de caminhão.”

A África é o continente menos vacinado do mundo, e programas de imunização de muitos países dependem da Covax, uma iniciativa global que visa garantir acesso equitativo às vacinas. A propagação de variantes gera alarme porque algumas delas parecem ser mais contagiosas do que o coronavírus original e podem ser resistentes a alguns imunizantes. Quanto mais tempo demorar para imunizar a população, maior será o risco de novas variantes.

O Krisp trabalha com autoridades em mais de 40 países africanos para coletar e analisar todos os dados disponíveis para que a prevalência da cepa sul-africana e outras identificadas na Nigéria e em viajantes da Tanzânia possam ser avaliadas.

‘Reservatório de variantes’

“Corremos o risco de que a África se torne um reservatório de variantes”, disse Oliveira em entrevista na terça-feira. O continente precisa controlar sua introdução e ampliar planos de vacinação, afirmou.

O instituto Krisp foi o primeiro a identificar a cepa B.1.351 da África do Sul, bem como a variante identificada pela primeira vez em viajantes da Tanzânia. Há dois meses, Oliveira descreveu a cepa da Tanzânia como a variante com mais mutações até o momento.

Essa cepa já foi encontrada na Uganda, e seu potencial perigo ainda está sendo avaliado, disse Phionah Atuhebwe, oficial médica de introdução de novas vacinas na África para a Organização Mundial da Saúde.

Por enquanto, foi classificada como uma “variante de interesse” em vez de “variante de preocupação”, já que mais pesquisas precisam ser realizadas, disse em entrevista.

Autoridades de saúde da Uganda não confirmaram a presença da variante. Cepas identificadas pela primeira vez na África do Sul, Inglaterra, Índia e Nigéria foram encontradas no país, disse Pontiano Kaleebu, diretor executivo do Instituto de Pesquisa de Vírus da Uganda, em entrevista.

Oliveira disse que a linhagem da cepa encontrada em viajantes da Tanzânia deriva do vírus original identificado em Wuhan, na China, e é semelhante à variante que se espalha pela África Oriental.

“A África Oriental tinha uma variante epidêmica latente que estava circulando; ela começou a adicionar algumas mutações que poderiam aumentar a transmissibilidade e capacidade de neutralizar anticorpos”, afirmou. “É uma grande preocupação.”

Duas cepas distintas foram identificadas na Nigéria, uma das quais se espalhou para mais de 50 outros países, disse o diretor do Krisp.

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