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Novas tarifas sobre Canadá, China e México poderão gerar alta de 1,2% nos preços nos EUA

Medida anunciada por Trump afetará comércio com México, Canadá e China, mas mudança ainda não foi oficializada

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca (Mandel Ngan/AFP)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca (Mandel Ngan/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 1 de fevereiro de 2025 às 15h25.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2025 às 15h32.

As possíveis novas tarifas comerciais dos Estados Unidos contra Canadá, México e China, a serem impostas pelo governo de Donald Trump deverão elevar preços nos EUA e ter impactos mais profundos nos outros países da América do Norte.

Trump disse que as tarifas entrariam em vigor neste sábado, 1º. No entanto, a situação é confusa. Até às 15h30 na hora de Brasília, o governo americano não havia divulgado se o presidente ou outra autoridade havia assinado os documentos para que as mudanças entrem em vigor.

Neste sábado, o presidente viajou para a Flórida, onde tem residência, e não teria compromissos públicos, segundo a agenda oficial. Pela manhã, ele foi a um campo de golfe.

Atualmente, cerca de 80% das exportações do Canadá e do México vão para os Estados Unidos. As exportações para os EUA respondem por 40% do PIB mexicano. Do outro lado, segundo um estudo do Peterson Institute, as importações do Canadá e do México para os Estados Unidos representaram 3,3% do PIB americano em 2023. Com isso, o impacto direto nos preços nos EUA seria de 0,8% (3,3% vezes 25% de alta de custo).

Além disso, o Peterson estima que haveria um efeito de mais 0,4% na alta de preços, porque as empresas que produzem nos EUA poderão subir os preços, já que haverá menos competição com itens estrangeiros mais baratos.

No final, o impacto total seria de 1,2%.

"O problema político para o presidente Trump não seria muito o pequeno aumento nos preços gerais, mas altas em mercadorias de destaque, como gasolina nos postos em alguns lugares, algumas marcas de carros, abacates e tomates", diz o estudo.

Cadeias integradas

Um dos grandes problemas de impor tarifas onde antes havia circulação livre é que em várias cadeias de produção, como a de automóveis, os produtos cruzam a fronteira diversas vezes ao longo do processo de produção. Com as tarifas, isso se tornaria inviável.

No caso do México, a maioria das fábricas exportadoras fica a menos de 50 quilômetros da fronteira com os EUA. Se os trabalhadores mexicanos dali ficarem sem emprego, a chance de eles tentarem imigrar para o território americano pode crescer.

Com as tarifas, os preços para os consumidores deverão subir tanto para compradores industriais quanto pessoas físicas. As importações industriais de Canadá e México pelos Estados Unidos se concentram em maquinário, eletrônicos, veículos, autopeças e combustíveis, como petróleo e gás. Entre os alimentos, a lista inclui cervejas, salgadinhos, frutas e vegetais, como abacate e tomates, além de carnes, brinquedos e calçados.

Como retaliar?

Se Canadá e México optarem por retaliar da mesma forma e aplicarem tarifas de 25% a produtos americanos, poderiam ter ainda mais problemas, pois os produtos ficariam mais caros para seus consumidores, o que aumentaria a inflação geral.

Assim, uma opção seria fazer retaliações seletivas, em algumas categorias de produtos. Foi o que ocorreu no primeiro mandato de Trump: após o republicano impor penalidades sobre o aço e o alumínio, o Canadá aumentou taxas sobre produtos icônicos dos EUA, como bourbon, pizza e ketchup. Depois disso, os Estados Unidos toparam negociar, e as tarifas daquela época foram trocadas por cotas informais de importação.

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