Mundo

Nova Zelândia é o país que melhor lida com a covid-19, diz pesquisa global

Brasil, Índia e Estados Unidos ficam entre os últimos em estudo que avaliou a percepção sobre como 105 países vêm enfrentando a pandemia

Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia: reconhecimento do público e dos especialistas pela resposta imediata na luta contra o coronavírus (Marty MELVILLE/AFP)

Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia: reconhecimento do público e dos especialistas pela resposta imediata na luta contra o coronavírus (Marty MELVILLE/AFP)

O Brasil é um dos países que menos estão sabendo lidar com a pandemia da covid-19. Entre 105 nações avaliadas, só duas tiveram reações piores que as do Brasil — a Índia e os Estados Unidos. Em contraste, nenhum outro país está conseguindo enfrentar a crise do novo coronavírus melhor do que a Nova Zelândia. São esses alguns dos resultados de uma pesquisa global realizada pela consultoria inglesa Brand Finance, especializada em avaliação de marcas.

O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor 

O levantamento ouviu 75.000 pessoas, que revelaram suas percepções sobre como diferentes países reagiram à pandemia sob três aspectos: para estimular a economia, para proteger a saúde e o bem-estar de seus cidadãos e para cooperar com outras nações no esforço global contra a crise da covid-19. O Brasil recebeu uma pontuação de -14%. Um índice negativo, como o recebido pelo Brasil, significa que o número de pessoas que avaliaram negativamente superou o dos que avaliaram positivamente o país nessas três áreas — economia, saúde e cooperação internacional.

Elogiada mundialmente pela sua rápida resposta para “esmagar” o novo coronavírus, a Nova Zelândia ficou no topo da avaliação do público, com um índice positivo de 43%. Liderado pela primeira-ministra Jacinda Ardern, o país fechou suas fronteiras a visitantes do exterior no dia 19 de março, quando tinha apenas 28 casos confirmados do novo coronavírus. Cinco dias depois, adotou o lockdown. A estratégia deu resultado. Com 5 milhões de habitantes, o país tinha até ontem 2.100 casos confirmados de coronavírus e 25 óbitos.

No outro extremo, os Estados Unidos ficaram na última posição na avaliação do público, com um índice de -16%. O presidente Donald Trump demorou a reconhecer a gravidade da pandemia e, por vários meses, insistiu na narrativa de que o novo coronavírus simplesmente iria “desaparecer” em algum momento. O país lidera as estatísticas globais de covid-19, com mais de 18 milhões de casos confirmados e 322.000 óbitos.

“O forte contraste entre as percepções do público de como a Nova Zelândia e os Estados Unidos lidaram com a pandemia resume as visões contrastantes das duas nações, encabeçadas por líderes quase diametralmente opostos”, comentou David Haigh, CEO da Brand Finance. “De um lado, temos as políticas abertas, liberais e compassivas de Ardern. De outro, a abordagem frequentemente combativa, protecionista e isolacionista de Trump.”

Avalição de especialistas

Além de ouvir o público em geral, a Brand Finance entrevistou 750 especialistas de vários países, incluindo analistas, acadêmicos, executivos, políticos e representantes de ONGs. Entre esse público mais qualificado, o Brasil teve uma avaliação ainda mais negativa: ficou com um índice de -56%, classificando-se em último lugar entre os 30 países considerados.

“Durante a pandemia, houve diversos problemas que foram amplamente divulgados pelos maiores veículos de comunicação do mundo, o que influenciou na avaliação negativa do Brasil”, disse Eduardo Chaves, diretor-geral da Brand Finance no Brasil. “Se houver uma melhora nas políticas de prevenção e de combate à covid-19, é possível reverter essa imagem na mesma velocidade, pois o Brasil é um país com muita exposição na mídia internacional.”

Para o público especializado, a Alemanha é o país que melhor está lidando com a covid-19, com um índice de 71%. O Japão ficou em segundo lugar, com 64%, e a Nova Zelândia se classificou em terceiro lugar, com 57%. Embora a Nova Zelândia tenha recebido uma boa avaliação também dos especialistas, esse público, ao que parece, ponderou o fato de que os desafios enfrentados pela Alemanha e pelo Japão no enfrentamento da pandemia são maiores em razão do tamanho muito maior de suas populações.

A percepção do público em geral e dos especialistas em relação à atuação dos países no combate à covid-19 é parte de uma pesquisa mais ampla que a Brand Finance está realizando para medir o “soft power”, a capacidade dos países de influenciar outros países por meios culturais e diplomáticos. A consultoria deve divulgar seu próximo ranking global de “soft power” em fevereiro de 2021 — no levantamento deste ano, o Brasil se classificou em 29º lugar entre 60 nações avaliadas.

Made with Flourish
Acompanhe tudo sobre:CoronavírusNova ZelândiaPandemia

Mais de Mundo

Otan afirma que uso de míssil experimental russo não vai dissuadir apoio à Ucrânia

Líder da Coreia do Norte diz que diálogo anterior com EUA apenas confirmou hostilidade entre países

Maduro afirma que começa nova etapa na 'poderosa aliança' da Venezuela com Irã

Presidente da Colômbia alega ter discutido com Milei na cúpula do G20