Mundo

Nova Zelândia comemora 100 dias sem covid e Suécia acirra isolamento

Os dois países adotaram estratégias distintas na luta contra o coronavírus. Hoje, é possível dizer que os neozelandeses se deram melhor

Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia: plano de erradicar o coronavírus logo de cara funcionou e país se vê praticamente livre do vírus (Hagen Hopkins / Correspondente/Getty Images)

Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia: plano de erradicar o coronavírus logo de cara funcionou e país se vê praticamente livre do vírus (Hagen Hopkins / Correspondente/Getty Images)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 9 de agosto de 2020 às 16h45.

Última atualização em 10 de agosto de 2020 às 08h42.

A Nova Zelândia comemora, neste domingo, 100 dias sem nenhum caso de covid-19. A vida na pequena nação insular, com 4,8 milhões de habitantes, aos poucos, volta ao normal. Desde o início da pandemia, o país foi considerado um exemplo para quem defendia as medidas de isolamento social e de priorização da vida sobre a economia. Já quem acreditava que era melhor manter a economia funcionando para não sofrer um baque ainda maior, se inspirava na Suécia

O governo sueco preferiu uma abordagem bem diferente. Sob supervisão do epidemiologista-chefe Anders Tegnell, o país manteve shoppings, restaurantes, escolas e academias funcionando normalmente. Com um sólido sistema de saúde e uma população saudável, a Suécia imaginava que teria mais mortes no início, mas, alcançaria rapidamente a chamada “imunidade de rebanho” e não sofreria com uma segunda onda da doença. 

Passados cerca de cinco meses do início da pandemia, podemos dizer que uma estratégia foi melhor do que a outra? Sim, definitivamente.

Se a Suécia esperava sofrer mais no curto prazo e se beneficiar no longo prazo, errou feio. Hoje, o país se vê obrigado a adotar medidas mais duras de isolamento do que outros países europeus que fecharam suas economias logo de cara. Em maio, o país figurava na liderança mundial em mortes per capita. 

É verdade que o PIB sueco cresceu no primeiro trimestre. Mas, com a necessidade de estabelecer uma quarentena mais rígida para evitar uma tragédia ainda maior, essa vantagem desapareceu. Hoje, a queda esperada é similar a de outros países nórdicos, como a Noruega. As mortes, no entanto, foram muito maiores entre os suecos. 

“Temos uma segunda chance. Não queremos que o vírus se espalhe novamente. Temos a oportunidade de aprender e tomar medidas adicionais para evitar o pior”, afirmou Cecilia Söderberg-Nauclér, professora de imunologia molecular da universidade Karolinska, de Estocolmo, ao jornal Financial Times. 

Enquanto isso, a Nova Zelândia se vê praticamente livre do vírus. Sob o comando da primeira-ministra Jacinda Ardern, o país adotou uma quarentena rígida a partir de março. O plano era erradicar de uma vez o vírus, e não apenas controlar sua disseminação. Foram registrados apenas 1.500 casos de covid na ilha e 22 mortes. E a economia? Caiu, mas o desemprego se manteve em 4%. 

“Foi uma combinação entre ciência e boa liderança política”, disse o epidemiologista Michael Baker, da Universidade de Otago, à rede de TV local ABC. “Todo o ocidente lidou muito mal com a ameaça, e os países estão descobrindo isso agora.”

Enquanto os suecos amargam uma crise prolongada, os neozelandeses curtem bares, restaurantes e estádios lotados nos jogos de rugby. 

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusNova ZelândiaSuécia

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'