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Nova York, depois do Sandy

Um mês depois do furacão Sandy ter varrido algumas regiões de Nova York, o prefeito Mike Bloomberg anunciou novas táticas para proteger a cidade de futuros desastres

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2012 às 17h18.

Nova York - Um mês depois do furacão Sandy ter varrido algumas regiões de Nova York, o prefeito Mike Bloomberg anunciou novas táticas para proteger a cidade de futuros desastres naturais. Mas avisou que não existem milagres: a idéia inicial é expandir as zonas de evacuação, enrijecer as regras para que novos edifícios tenham proteção contra inundações, e buscar formas de fortificar infraestruturas do sistema de transporte e redes de eletricidade.

Ele acrescenta que Nova York não medirá esforços para reconstruir o que foi afetado pelo Sandy; ele citou dunas ou barragens a serem construídas nestas áreas, mas descartou o uso de experimentos caros, como muros contra maré na costa nova-iorquina.

O prefeito não falou de detalhes nem custos, mas oficiais da prefeitura visitaram Nova Orleans para aprender o que está sendo feito por lá depois do Katrina, que afetou aquela cidade em 2005. "Não podemos simplesmente reconstruir o que foi destruído", disse o prefeito. "Temos de reerguer as residências de uma forma mais inteligente, mais forte e sustentável".

O anúncio de Bloomberg foi feito em um hotel que acaba de reabrir na parte sul de Manhattan, depois de semanas fechado por causa da tempestade e falta de energia. Bloomberg não estava sozinho: a seu lado, Al Gore, hoje um grande ativista, chegou a dar uma cutucada no governo de Obama dizendo que "não se pode passar mais quatro anos sem tocar no assunto de mudanças climáticas".

O assunto ainda foi assunto de um debate que levou quase mil pessoas para um auditório da Universidade de Nova York também na semana passada. O painel, mediado por Chelsea Clinton, reuniu nomes relevantes como Heidi Cullen, climatologista-chefe do Climate Central, uma organização de jornalismo científico e Klaus Jacob, um cientista pesquisador do observatório terrestre da Universidade Columbia, entre outros.

"Antes de mais nada, temos de lembrar que os cemitérios do Queens e do Brooklyn ficam nas áreas mais elevadas da cidade. E que as pessoas que moram nas costas, ocupam as áreas mais baixas.


É preciso inverter esta realidade. Até os mortos concordam comigo, tenho certeza", brincou ele. "Levo todo o tipo de assunto sobre tempo para o lado pessoal", disse Cullen. "E o Sandy foi especialmente pessoal. Ainda estamos vendo o resultado disso em Staten Island, área mais afetada da cidade", lembrou ela.

"Ao mesmo tempo, este evento foi muito público para nós: todos os envolvidos foram postos debaixo do microscópio pela mídia - todos avaliaram as nossas reações em relação ao Sandy, e testaram as nossas lideranças", acrescentou. "A nossa pergunta hoje é: como as instituições públicas, privadas e governamentais lidam com eventos deste porte tendo em mente o nosso senso de memória e de futuro?".

Cullen lembrou que o Sandy foi o pior fenômeno do gênero a atingir a cidade de Nova York desde a sua fundação, em 1624. "Foi o maior furacão que já vimos e também o mais poderoso", ressaltou ela, ao abordar o papel dos profissionais que fazem as previsões de tempo. "Sandy começou como uma típica tempestade da época de chuvas. Mas vimos que ele iria dar uma volta para a esquerda na costa leste americana - isso amedrontou os profissionais das previsões de tempo.

Fomos avisados, quatro dias antes, que este furacão iria "pousar" no sul de Nova Jersey". E quando isso aconteceu, Sandy quebrou recordes. Cullen contou que as agências federais enviaram 600 rádio-satélites extras para a atmosfera, com cinco dias de antecedência, para tirar fotos e obter uma previsão mais precisa. "Mesmo assim, houve tanta destruição que me pergunto: como podemos usar melhor estas previsões?".

A climatologista-chefe do Climate Central do citou o exemplo da Holanda, que sofreu inundações catastróficas em janeiro de 1953 - e que, depois disso, construiu barragens para proteger o país do mar; essas inundações acontecem uma vez a cada dez mil anos. Segundo ela, as chances de um furacão de categoria 1 abater a cidade é de 1 a cada 20 anos.

O prazo aumenta para a categoria 2: um a cada 70 anos. E há 90% de chances de um furacão de categoria 3 atingir a cidade que nunca dorme até o meio do século. São estas informações que irão moldar as decisões de governos de forma que se preparem para as inevitáveis forças da natureza. "Temos de escolher como nossos filhos e netos irão viver", finalizou Cullen.

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