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Nova trégua entra em vigor na cidade síria de Aleppo

O ministério da Defesa acusa a Frente Al-Nusra de ter atacado vários bairros com lança-foguetes e de ter realizado uma ofensiva com tanques contra a cidade


	Síria: o ministério da Defesa acusa a Frente Al-Nusra de ter atacado vários bairros com lança-foguetes e de ter realizado uma ofensiva com tanques contra a cidade
 (Rami Zayat)

Síria: o ministério da Defesa acusa a Frente Al-Nusra de ter atacado vários bairros com lança-foguetes e de ter realizado uma ofensiva com tanques contra a cidade (Rami Zayat)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2016 às 10h44.

Uma nova trégua de 48 horas entrou em vigor nesta quinta-feira na cidade síria de Aleppo (norte), depois do alerta de Washington a Damasco e Moscou sobre o respeito ao cessar das hostilidades.

Nos últimos meses, foram anunciadas várias tréguas em Aleppo, outrora capital capital econômica da Síria, e agora arrasada pela guerra e dividida desde 2012 entre o regime e os rebeldes.

Mas, depois de um respiro de vários dias, a cidade se viu de novo mergulhada em ataques sangrentos da aeronáutica, por um lado, e lançamento de foguetes dos rebeldes contra os bairros governamentais, do outro.

Até o anúncio do novo cessar-fogo, que entrou em vigor a 00H01 (19H00 de quarta-feira), os bombardeios do regime foram muito intensos, segundo o correspondente da AFP no local.

Foi o ministério russo da Defesa que anunciou o cessar-fogo de 48 horas para "estabilizar a situação" em Aleppo.

O comunicado não indicou com quem a Rússia negociou a trégua.

Na nota, o ministério da Defesa acusa a Frente Al-Nusra, braço sírio da Al-Qaeda, de ter atacado vários bairros em Aleppo com lança-foguetes e de ter realizado uma ofensiva com tanques contra o sudoeste da cidade.

Horas antes do anúncio, o chefe da diplomacia americana, John Kerry, havia advertido o presidente sírio, Bashar al-Assad, e a Rússia sobre a necessidade de se respeitar o fim das hostilidades.

"É evidente que o cessar das hostilidades é frágil e está ameaçado, e que é crucial instaurar uma verdadeira trégua. Somos conscientes, não temos ilusões", disse o secretário de Estado americano em Oslo, em referência ao cessar-fogo instaurado em fevereiro, com mediação de Moscou e Washington, mas que é desrespeitado desde abril.

"A Rússia tem que entender que nossa paciência não é infinita. De fato, (nossa paciência) é muito limitada a respeito de saber se Assad prestará ou não contas", destacou Kerry, que se reuniu em Oslo com o colega iraniano Mohamad Javad Zarif..

Washington "também está disposto a pedir contas aos (grupos armados) membros da oposição (...) que continuam os combates violando o cessar-fogo", disse.

Além da trégua, Rússia e Estados Unidos respaldam um processo de paz, atualmente paralisado, para acabar com um conflito que provocou mais de 280.000 mortes e deixou milhões de deslocados em cinco anos.

Na véspera, ao menos 70 combatentes dos dois lados morreram em 24 horas em confrontos entre as forças do regime e rebeldes aliados com extremistas ao sul de Aleppo.

A cidade de Aleppo está dividida em duas: a zona oeste, sob poder do regime, e a zona leste, controlada pelos rebeldes.

Para os analistas, esta trégua aguentará tanto como as anteriores e os ataques continuarão enquanto não houver um verdadeiro esforço para relançar os processos de paz.

"Os sírios estão cada vez mais céticos frente a estas efêmeras tréguas, que parecem tão artificiais e infrutíferas quanto as negociações de paz, causando esperanças e decepções amargas", afirmou à AFP Karim Bitar, diretor de pesquisas do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS).

No plano humanitário, 55 organizações sírias da oposição afirmaram em um documento que a ação da ONU na Síria "viola os princípios humanitários e pode avivar o conflito".

Em um relatório muito crítico, acusaram a ONU de "perder de vista os valores humanitários vitais da imparcialidade, independência e neutralidade".

Segundo o relatório, em abril de 2016, 88% das entregas de alimentos ocorreram em regiões controladas pelo regime e 12% em setores fora de seu controle.

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