Redatora
Publicado em 26 de maio de 2025 às 06h42.
Última atualização em 26 de maio de 2025 às 10h27.
O governo do presidente Xi Jinping está elaborando uma nova versão de seu plano industrial focado em alta tecnologia. A iniciativa busca reforçar o domínio da China sobre setores estratégicos da manufatura, mesmo sob pressão dos Estados Unidos para reequilibrar a economia chinesa e reduzir os desequilíbrios do comércio global.
Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, autoridades chinesas discutem os próximos passos do “Made in China 2025”, plano lançado em 2015 com o objetivo de transformar o país em potência global em áreas como semicondutores, veículos elétricos, robótica e aviação comercial. A nova fase do projeto pode receber outro nome, numa tentativa de suavizar críticas do Ocidente.
Entre as prioridades está o avanço na produção de equipamentos para fabricação de chips, um setor considerado vital diante das restrições impostas por EUA, Japão e Países Baixos ao fornecimento de tecnologias avançadas à China.
Paralelamente, Pequim prepara o próximo Plano Quinquenal, que começa em 2026. A proposta, ainda em debate, deve manter a participação da indústria no PIB em níveis estáveis no médio e longo prazo, reforçando a aposta do país na manufatura como motor de crescimento e segurança nacional.
Fontes disseram que o governo avalia se deve incluir uma meta numérica para o consumo no novo plano. A tendência, até agora, é descartar a ideia por falta de instrumentos eficazes para estimular os gastos das famílias.
A manutenção da estratégia industrial ocorre em um momento de tensão nas relações com os EUA. O governo Trump elevou tarifas sobre produtos chineses para até 145% em abril, antes de reduzi-las para uma média de 30% após negociações em Genebra neste mês. Washington também tenta restringir o acesso da China a tecnologias avançadas e reforçar a produção doméstica de itens estratégicos.
Durante visita a uma fábrica de rolamentos em Henan, em 19 de maio, Xi Jinping reiterou a importância da autossuficiência tecnológica. “Devemos seguir fortalecendo o setor manufatureiro e dominar as tecnologias centrais”, disse o presidente.
A nova fase da estratégia industrial também mira gargalos em áreas como materiais para energia limpa, segundo relatório publicado por um jornal vinculado à agência estatal de planejamento econômico.
Desde o lançamento do “Made in China 2025”, a China conquistou liderança global em cinco das 13 tecnologias monitoradas por analistas da Bloomberg e tem avançado em outras sete. Mesmo com dificuldades para acessar as máquinas mais modernas de litografia — fundamentais para fabricar chips de última geração — empresas chinesas conseguiram avanços com equipamentos comprados antes das restrições.