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Nova equipe de observadores desaparece no leste da Ucrânia

Uma nova equipe de observadores internacionais desapareceu no leste da Ucrânia, onde os combates são cada vez mais violentos


	Combatentes pró-Rússia: desaparecimentos refletem a situação próxima à anarquia
 (Viktor Drachev/AFP)

Combatentes pró-Rússia: desaparecimentos refletem a situação próxima à anarquia (Viktor Drachev/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2014 às 18h00.

Kiev - Uma nova equipe de observadores internacionais desapareceu nesta sexta-feira no leste da Ucrânia, onde os combates são cada vez mais violentos entre os rebeldes pró-russos e as forças ucranianas.

Quanto ao conflito relacionado ao gás com a Rússia, as autoridades pró-ocidentais de Kiev fizeram um gesto de apaziguamento durante negociações em Berlim, pagando parte de sua dívida.

A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) informou que perdeu contato com uma equipe de quatro estrangeiros e um tradutor ucraniano, detidos quinta-feira à noite por homens armados em Severodonetsk, na região de Lugansk.

Outra equipe de quatro observadores - um dinamarquês, um estoniano, um turco e um suíço - está desaparecida desde segunda-feira em Donetsk.

Alguns líderes separatistas indicaram inicialmente que estes foram detidos para uma verificação sobre espionagem, antes do "primeiro-ministro" da autoproclamada República de Donetsk, Alexander Borodai, declarar na quinta-feira à noite que não tinha informações sobre o assunto.

Os desaparecimentos de observadores, enviados para trabalhar por uma pacificação na região, refletem a situação próxima à anarquia nesta região da Ucrânia, com sequestros, saques, bloqueios de estradas e edifícios públicos ocupados por homens armados.

Depois de um dia complicado para as forças da Ucrânia, com a perda de um helicóptero da Guarda Nacional (12 mortos), o ministro da Defesa, Mikhailo Koval, defendeu a ofensiva iniciada há quase dois meses, que Moscou descreve como "operação punitiva".

"Nossas Forças Armadas limparam completamente o sul e uma parte do oeste da região de Donetsk e o norte da região de Lugansk", afirmou o ministro durante uma coletiva de imprensa.

"Nós não permitiremos a propagação desta gangrena para regiões vizinhas", ressaltou. "Vamos continuar nossa operação antiterrorista (.. ) até que a vida normal seja retomada na região e a paz volte para o povo".

Combatentes chechenos

Por sua vez, a Rússia acusou a Ucrânia de violar a Convenção de Genebra de 1949 sobre a proteção de civis utilizando sua "aviação (...) e blindados com o objetivo de matar civis".

O comitê de investigação russo, órgão encarregado das principais investigações, abriu uma investigação a este respeito.

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, telefonou mais uma vez para seu colega americano John Kerry para pedir que pressione Kiev a acabar com a ofensiva.

Mais de 200 pessoas - soldados ucranianos, separatistas e civis - foram mortos na operação "antiterrorista" lançada pelas autoridades ucranianas em 13 de abril, e que se intensificou nos últimos dias para reprimir a insurreição armada pró-Rússia orquestrada, segundo Kiev, por Moscou.


A Ucrânia pretende evitar a repetição do que aconteceu na Crimeia, que foi anexada à Rússia em março, em apenas algumas semanas.

O helicóptero Mi-8 derrubado na quinta-feira foi atingido por um míssil terra-ar perto do reduto pró-russo de Slaviansk.

A Casa Branca expressou preocupação após o ataque, que prova que os rebeldes pró-Rússia tiveram acesso a "armas sofisticadas".

Por sua vez, o secretário de Estado americano John Kerry expressou preocupação com o envolvimento de combatentes da Chechênia, república de maioria muçulmana do Cáucaso russo, "treinados na Rússia" e que viajam para o leste da Ucrânia "para piorar as coisas, para entrar em combate".

O "primeiro-ministro" separatista Alexandre Borodai reconheceu esta semana a presença de chechenos para "proteger o povo russo".

O presidente checheno Ramzan Kadyrov negou ter enviado militares, sem excluir, no entanto, que alguns chechenos possam ter viajado por conta própria.

Kiev paga parte de sua dívida do gás

O presidente recém-eleito, o bilionário pró-Ocidente Petro Poroshenko afirmou que deseja conversar com Vladimir Putin.

Os dois líderes estarão na França em 6 de junho, nas comemorações do Desembarque na Normandia, assim como o presidente americano Barack Obama.

Sobre a questão do gás, Kiev e Moscou discutiram em Berlim soluções para a crise, na presença do comissário europeu da Energia, Gunther Oettinger.

A Ucrânia realizou o pagamento de uma parte de sua dívida de gás à Rússia, segundo o comissário europeu, o que deverá permitir novas negociações entre as duas partes na próxima semana.

"Ainda não temos uma solução, mas realizamos progressos", declarou Günther Oettinger, após negociações em Berlim com o ministro russo da Energia, Alexandre Novak, seu colega ucraniano, Yuri Prodan, e os diretores da Gazprom e Naftogaz.

Segundo ele, Kiev pagou 786 milhões de dólares à Gazprom nesta sexta-feira.

Moscou exige que a Ucrânia pague suas dívidas (3,5 bilhões dólares) e também pague antecipadamente pelo fornecimento de gás em junho, enquanto Kiev exige preços mais baixos pelo gás, atualmente os mais altos da Europa.

O primeiro-ministro ucraniano Arseni Yatseniuk explicou que o pagamento anunciado diz respeito às dívidas acumuladas antes de 1º de abril, data do aumento por Moscou do preço do gás, que passou de 268,5 a 485 dólares os 1.000 m3.

"A Ucrânia não aceitará jamais o preço do gás de cerca de 500 dólares (os 1.000 metros cúbicos). Segunda-feira haverá o último ciclo de negociações que terminará ou com a assinatura de um acordo, ou com apresentação de uma queixa ante a Corte de arbitragem de Estocolmo", declarou Yatseniuk.

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