Kim Jong Un: Líder hereditário de terceira geração a comandar o país passa a ser oficialmente "chefe de Estado" (Shamil Zhumatov/Reuters)
Reuters
Publicado em 12 de julho de 2019 às 12h18.
Seul — Kim Jong Un foi identificado oficialmente como chefe de Estado e comandante-chefe dos militares da Coreia do Norte em uma nova Constituição, que observadores disseram poder visar preparativos para um tratado de paz com os Estados Unidos.
Há tempos a Coreia do Norte pede um acordo de paz com os EUA para normalizar as relações e encerrar o estado de guerra técnico que se mantém desde que a Guerra da Coreia de 1950-1953 terminou com um armistício, em vez de um tratado de paz.
A nova Constituição, revelada no site estatal Naenara na quinta-feira, disse que, como presidente da Comissão de Assuntos de Estado (SAC), entidade estatal criada em 2016, Kim é "o representante supremo de todo o povo coreano", o que significa chefe de Estado, e "comandante-chefe".
Uma Constituição anterior qualificava Kim simplesmente como "líder supremo" que comanda a "força militar geral" do país.
Anteriormente, o chefe de Estado oficial da nação era o presidente do Parlamento, conhecido como Presidium da Assembleia Popular Suprema. "Kim tinha o sonho de se tornar o presidente da Coreia do Norte, e efetivamente o transformou em realidade", disse Kim Dong-yup, professor do Instituto do Extremo Ocidente da Universidade Kyungnam de Seul.
"Há tempos ele tentava descartar a política 'militares em primeiro' anormal à qual o país se ateve durante muito tempo".
Kim voltou seu foco à economia no ano passado, iniciou conversas nucleares com os EUA e se empenhou em adotar uma imagem de líder mundial por meio de cúpulas com Coreia do Sul, China e Rússia.
As tratativas de desnuclearização entre Pyongyang e Washington emperraram, mas novas conversas devem ocorrer neste mês.
A Coreia do Norte suspendeu os testes de bombas nucleares e mísseis de longo alcance em 2017, mas testou novos mísseis de longo alcance depois que uma cúpula com os EUA em fevereiro fracassou, e autoridades norte-americanas acreditam que a nação expandiu seu arsenal continuando a produzir combustível para bombas e mísseis.
A nova Constituição continua a descrever a Coreia do Norte como um Estado detentor de armas nucleares.
Na prática, Kim, líder hereditário de terceira geração, comanda o país com punho de ferro, e a troca de título mudará pouco na maneira como ele exercita o poder.