EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.
Londres - O mundo pode chegar a um novo acordo para o combate à mudança climática, mas os países ricos devem antes de mais nada cumprir sua promessa de ajuda climática aos mais pobres, disse na segunda-feira à Reuters a nova chefe de políticas climáticas da ONU, a costarriquenha Christiana Figueres.
Ela foi indicada na segunda-feira para substituir o holandês Yvo de Boer como chefe do Secretariado Climático da entidade, responsável por coordenar as negociações globais nesse aspecto.
Refletindo o amplo desânimo depois da inconclusiva conferência de Copenhague em dezembro passado, Figueres disse que a prioridade para 2010 não deve ser concluir um novo tratado climático global, e sim construir confiança. "Acho que acabaremos com um acordo global", afirmou ela por telefone. "É um grande desafio, mas com grandes desafios vêm grandes passos."
Figueres, 53 anos, é a primeira pessoa de um país em desenvolvimento a chefiar o Secretariado Climático da ONU, uma indicação que já era esperada depois das divisões ocorridas em Copenhague, onde os países pobres acusaram os ricos de estarem fugindo à sua responsabilidade histórica de terem causado o aquecimento global.
A costarriquenha disse que os países em desenvolvimento terão de se adaptar ao desafio de crescerem com menos emissão de gases do efeito estufa, e em alguns casos com um meio ambiente mais hostil, especialmente na África e em pequenos Estados insulares.
Embora não tenha resultado em um novo tratado climático global para vigorar após 2012, a conferência de Copenhague foi palco de um acordo em que os países ricos prometeram 30 bilhões de dólares no período 2010-12 para contribuir com a adaptação climática dos países em desenvolvimento.
O cumprimento dessa promessa e de medidas contra o desmatamento deve ser a prioridade na conferência climática deste ano, em Cancún (México), disse ela.
"As partes precisam provar para si mesmas que questões já sobre a mesa, como o financiamento rápido, não estão só no papel, também podem ser cumpridas. Esse é o foco de Cancún."
Analistas duvidam da possibilidade de um novo tratado formal, de cumprimento obrigatório, na conferência de novembro e dezembro. Acham mais provável que vigore uma mistura de esquemas e metas nacionais.
Figueres disse que espera um acordo, mas não sabe quando. "Quando e como haverá um acordo de cumprimento obrigatório é prerrogativa das partes decidir. Não acho que seja prioridade das partes agora."
Questionada se houve descumprimento de promessas feitas anteriormente em negociações climáticas da ONU, ela disse: "Essa é certamente a visão da maioria dos países em desenvolvimento. É certamente algo em que podemos melhorar."