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Nos EUA, republicanos são mais favoráveis a Musk dono do Twitter

Anúncio da compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk gerou reações opostas entre os diferentes espectros políticos

Musk: bilionário fechou a compra do Twitter nesta semana (Britta Pedersen/Pool/AFP/Getty Images)

Musk: bilionário fechou a compra do Twitter nesta semana (Britta Pedersen/Pool/AFP/Getty Images)

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Carolina Riveira

Publicado em 26 de abril de 2022 às 14h38.

Última atualização em 26 de abril de 2022 às 15h11.

Como quase tudo em 2022, a compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk também virou motivo de polarização em alguns círculos.

Nos Estados Unidos, país de origem da rede social, o anúncio da aquisição imediatamente dividiu os espectros políticos locais. Ainda na noite de segunda-feira, 25, membros da ala conservadora do Partido Republicano foram a público elogiar o negócio.

"A liberdade de expressão está voltando", escreveu [no Twitter] o deputado Jim Jordan. A senadora Marsha Blackburn disse esperar que Musk ajude a acabar com "o histórico das big techs de censurar usuários".

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Há a expectativa de que, com Musk como dono do Twitter, o ex-presidente republicano, Donald Trump, possa voltar a usar sua conta na plataforma — da qual foi banido após incitar apoiadores na invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Trump, por sua vez, disse na segunda-feira que não retornará nem que seja autorizado a fazê-lo.

Já membros do Partido Democrata expressaram preocupação em ter a rede social nas mãos de uma única pessoa. A senadora democrata Elizabeth Warren escreveu que o acordo é "perigoso para nossa democracia". Warren é conhecida pelo slogan Break up big tech ("quebrar ou dividir as grandes empresas de tecnologia") e reforçou o pedido por maior tributação de grandes empresas de tecnologia.

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Os ecos da divisão se mostram também entre os eleitores. Uma pesquisa feita nos EUA apontou que eleitores do Partido Republicano são os mais preocupados com o que avaliam como falta de "liberdade de expressão" no Twitter.

A situação se inverte entre eleitores do Partido Democrata.

Metade dos republicanos (51%) usuários de redes sociais não considera que as plataformas os permitem se expressar livremente, contra 19% dos democratas.

A sondagem foi feita pela Morning Consult entre 15 e 17 de abril, quando a compra do Twitter por Musk ainda não havia sido oficializada, mas os rumores já existiam. Foram ouvidas mais de 2 mil pessoas.

Entre os que se classificaram como "conservadores", 63% disseram acreditar que a "censura" era uma "grande ameaça" nos EUA, comparado com 28% dos que se classificaram politicamente como "liberais".

A divisão não vem sem motivo: por trás das opiniões, há algumas crenças base dos dois lados do debate político e que sustentam a visão — positiva ou negativa — sobre as intenções de Musk no Twitter.

O bilionário não se define como republicano, mas se classificou no passado como um "absolutista" da liberdade de expressão. Musk, que é dono da fabricante de veículos elétricos Tesla e outras empresas, tem criticado políticas de moderação de conteúdo na rede social.

Entre democratas, há questionamentos sobre quanto sua defesa irrestrita da liberdade de expressão pode prejudicar o combate à desinformação na plataforma.

A repercussão de Musk e Twitter no Brasil

No Brasil, a temática do Twitter também chegou aos círculos políticos.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) compartilhou uma postagem de Musk ("Eu espero que até meus piores críticos sigam no Twitter, porque isso é o que liberdade de expressão significa", escreveu o bilionário) e ironizou uma matéria que dizia como apagar a conta na rede social.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que ganhou mais seguidores após a compra de Musk inferindo que, antes, haveria censura a conservadores na rede. Disse também que "vários estão voltando para o Twitter".

Nomes como a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o ex-secretário de Cultura Mário Frias (PL-SP) também comemoraram a aquisição de Musk. Zambelli citou que as ações do Twitter subiram 6% na segunda-feira. "Quem não lacra, lucra", escreveu Zambelli.

Os planos de Musk

Ainda não está claro, no entanto, quanto o Twitter ganha ou perde com a transação. Um dos principais motivos da alta imediata das ações foi o preço que Musk aceitou pagar pela rede social: US$ 54,20 por ação, acima do preço de negociação no pregão anterior. O papel era vendido a perto de US$ 50 no fim do pregão de sexta-feira, 22, antes da confirmação do negócio.

Após concluído o processo de compra, o Twitter deve deixar de ser uma empresa de capital aberto e negociada em bolsa, segundo anunciou Musk.

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O anúncio da aquisição do Twitter ocorreu nesta segunda-feira, após algumas semanas de negociações e rumores sobre o caso. Musk e o atual conselho do Twitter concordaram com uma transação de US$ 44 bilhões.

Como a EXAME mostrou, os questionamentos sobre o futuro da rede social seguem sendo um dos temas mais comentados entre os usuários.

Entre as promessas para a rede social, Musk disse em nota, publicada na própria rede social, que pretende "tornar o Twitter melhor do que nunca". O bilionário afirmou que pretende chegar lá "aprimorando o produto com novos recursos, tornando os algoritmos de código aberto para aumentar a confiança, derrotando os bots de spam e autenticando todos os humanos”.

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