Mundo

Nos EUA, paralisação do governo entra no 2º dia e vai prosseguir no Natal

Trump rejeitou um texto de compromisso orçamentário preparado no Senado porque não incluía 5 bilhões de dólares para financiar o muro com o México

Donald Trump, presidente americano: é o terceiro "shutdown" de 2018 (Olivier Douliery/Reuters)

Donald Trump, presidente americano: é o terceiro "shutdown" de 2018 (Olivier Douliery/Reuters)

A

AFP

Publicado em 23 de dezembro de 2018 às 12h40.

A paralisação parcial do governo dos Estados Unidos entrou no segundo dia e prosseguirá durante o Natal, depois que o Congresso suspendeu o debate orçamentário sem chegar a um acordo sobre os recursos para o muro na fronteira com o México, exigidos pelo presidente Donald Trump.

Com a paralisação, que provocou a interrupção das atividades em várias agências importantes dos Estados Unidos, o presidente desistiu de viajar à Flórida e anunciou que permanecerá em Washington durante o Natal.

Trump tuitou que estava "negociando com os democratas sobre a segurança na fronteira que é desesperadamente necessária (gangues, drogas, tráfico de pessoas e mais)".

O republicano, que transformou a luta contra a imigração ilegal em sua principal meta, rejeitou na quinta-feira um texto de compromisso orçamentário preparado no Senado porque não incluía um fundo de 5 bilhões de dólares para financiar o muro.

Os democratas se opõem com veemência à construção. A falta de um acordo provocou a expiração dos fundos federais para dezenas de agências à meia-noite de sexta-feira.

Quase 800.000 funcionários públicos entraram em licença não remunerada ou, no caso dos serviços considerados essenciais, são obrigados a trabalhar sem pagamento.

A Câmara de Representantes e o Senado celebraram sessões no sábado, mas as duas Casas adiaram os debates sem chegar a um acordo. Uma votação não deve acontecer antes de 27 de dezembro.

"Ridículo"

Visitantes do famoso National Mall, em Washington, criticaram a paralisação, ou "shutdown".

"Penso que é ridículo. E desnecessário", disse Philip Gibbs, um professor aposentado da Virginia.

Jeffrey Grignon, profissional da área de saúde de Wisconsin, disse que os políticos "precisam parar de agir como crianças e fazer o seu trabalho".

"Não são apenas uma ou duas pessoas, são todos eles", criticou.

Embora os turistas consigam passear em geral pela região, encontraram os banheiros fechados, assim como alguns pontos de interesse na capital, como a Árvore de Natal, o Arquivo Nacional e o centro de visitantes da Casa Branca.

A Estátua da Liberdade em Nova York permanecia aberta ao público graças ao financiamento de suas atividades pelo estado de Nova York.

A paralisação parcial afeta departamentos importantes como Segurança Nacional, Justiça, Comércio, Transporte, Tesouro ou Interior, que administra os parques nacionais, muito visitados durante as férias.

Ao mesmo tempo, a Autoridade de Supervisão do Transporte Aéreo (FAA, na sigla em inglês) afirmou que o bloqueio não provocou nenhum efeito para a segurança dos passageiros.

Para Hank Johnson, congressista democrata da Geórgia, a a paralisação afeta os funcionários que "merecem poder pagar o aluguel, os presentes de Natal e a refeição".

"As coisas não vão bem nos Estados Unidos", tuitou o legislador republicano Carlos Curbelo.

"Abandone o muro"

O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, culpou o presidente pela situação: "Presidente Trump, se deseja abrir o governo, abandone o muro, claro e simples".

O bloqueio acontece porque o "presidente Trump está exigindo bilhões de dólares por um muro caro e ineficiente que a maioria dos americanos não apoia", completou.

Este é o terceiro "shutdown" do ano, após as paralisações de janeiro (três dias) e fevereiro (algumas horas), já por causa do tema imigração.

Não está claro quanto tempo vai durar desta vez.

"Isto é uma negligência por parte do Congresso e do presidente", disse David Cox, presidente da Federação Americana de Funcionários do Governo (AFGE), o principal sindicato da categoria.

A maioria republicana na Câmara de Representantes aprovou uma proposta de orçamento que incluía as demandas do presidente sobre o muro na fronteira, mas a medida foi bloqueada no Senado.

Com apenas 51 cadeiras das 100 no Senado, os republicanos não têm os 60 votos necessários para aprovar uma lei de orçamento. E não podem contar com o apoio dos democratas, que rejeitam categoricamente a ideia do muro.

Para Trump o tempo é curto, porque os democratas serão novamente maioria na Câmara em janeiro, após a vitória nas legislativas de novembro.

Além disso, a paralisação acontece em um contexto de tensão, após o anúncio presidencial esta semana sobre a retirada das tropas americanas da Síria, o que provocou a renúncia do secretário de Defesa Jim Mattis e do enviado para a coalizão internacional antijihadista, Brett McGurk.

Resta saber como será a reação na segunda-feira de Wall Street, que na sexta-feira encerrou sua pior semana em 10 anos pela ameaça do "shutdown", o aumento das taxas de juros, a guerra comercial e a perspectiva de uma desaceleração econômica nos Estados Unidos.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEstados Unidos (EUA)Orçamento federal

Mais de Mundo

Mais de R$ 4,3 mil por pessoa: Margem Equatorial já aumenta pib per capita do Suriname

Nicarágua multará e fechará empresas que aplicarem sanções internacionais

Conselho da Europa pede que países adotem noção de consentimento nas definições de estupro

Tesla reduz preços e desafia montadoras no mercado automotivo chinês