Anders Behring Breivik confessou ter realizado o duplo ataque no país, as explosões em Oslo e a matança na ilha, que deixou 77 mortos ao todo (Berito Roald/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2011 às 12h40.
Oslo - A Noruega homenageou neste domingo os 77 mortos da matança das explosões em Oslo e da matança na ilha de Utoya realizados pelo extremista de direita Anders Breivik, em 22 de julho passado.
Cerca de 6.700 sobreviventes, parentes dos mortos e membros das equipes de socorro, assim como a família real e dirigentes de outros países nórdicos, se reuniram na sala de concerto de Oslo com alguns dos artistas mais famosos do país, como o grupo pop A-ha.
"Já usamos quase todas as palavras", declarou o rei Harald V da Noruega, tentando não chorar, no início da cerimônia.
"Estas últimas semanas foram difíceis para nós, mas é bom para todos estarmos reunidos aqui hoje", afirmou o monarca, usando terno preto e sem conseguir ocultar as lágrimas nos olhos, pouco antes do discurso do primeiro-ministro Jens Stoltenberg.
Também participaram na cerimônia dirigentes de outros países, como os presidentes islandês Olafur Ragnar Grimsson e finlandês Tarja Halonen, todos os chefes de Governo dos países nórdicos, a princesa herdeira da Suécia e o príncipe da Dinamarca.
Além de grupos musicais, foi decidido incluir na cerimônia uma leitura dos nomes das 77 pessoas mortas, em sua maioria jovens militantes do Partido Trabalhista, por parte de atores noruegueses.
"Ao assistir a homenagem nacional para pessoas que perderam sua vida e para pessoas cuja vida mudou para sempre, peço que nunca mais haja ódio", escreveu um dos sobreviventes do massacre, Adrian Pracon, no Twitter.
Na véspera, centenas de sobreviventes recordaram como nadaram até a outra margem ou se esconderam para se salvar do massacre visitando a ilha que foi palco da tragédia.
Segundo a Defesa Civil local, que organizou a visita, 750 pessoas, entre sobreviventes e parentes, manifestaram sua vontade de ir à ilha, fechada à imprensa pela ocasião.
Stoltenberg, que também tomou parte da visita, declarou que passará uma noite no local durante o próxima acampamento de verão em 2012.
No local, um importante dispositivo de segurança foi mobilizado com médicos, psiquiatras, pastores e imãs para atender as pessoas em caso de necessidade.
"Sabia que ia ser um dia muito difícil, mas também sabia que ia servir para encararmos o futuro", declarou à AFP Pracon, de 21 anos, que optou por voltar este sábado ao local dos fatos.
Pracon não conseguiu fugir nadando. Depois de tentar se jogar na água, deu meia volta, pois percebeu que não conseguiria chegar à outra margem.
O jovem viu o autor do massacre em duas oportunidades nesta pequena ilha de 0,12 km2 com forma de coração (como pode ser vista de um avião).
Anders Behring Breivik confessou ter realizado o duplo ataque, as explosões em Oslo e a matança na ilha, que deixou 77 mortos ao todo. Seu objetivo era realizar uma Cruzada contra o Islã e o multiculturalismo na Europa.
Depois de acionar as bombas em Oslo, disfarçado de policial chegou a Utoya, chamou os jovens reunidos num acampamento do Partido Trabalhista e lhes contou sobre o atentado que ele mesmo acabara de realizar.
Armado com um fuzil semiautomático e uma pistola, começou a disparar aleatoriamente contra os jovens, perseguindo os que tentavam fugir e fuzilando os feridos metódica e tranquilamente, segundo os testemunhos.
Na sexta-feira, a polícia da Noruega pediu o prolongamento por mais quatro semanas do isolamento total de Breivik.
No dia 25 de julho, o mesmo tribunal de Oslo decidiu manter Anders Breivik em prisão provisória por um período (renovável) de oito semanas, as quatro primeiras seriam de isolamento total.
Ele está atualmente detido em uma prisão de alta segurança próxima a Oslo.