O editor-chefe da Novaya Gazeta, Dimitri Muratov (à esq.), na sede do jornal, em Moscou, em 7 out. 2021 (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 13 de outubro de 2021 às 18h13.
O presidente russo Vladimir Putin alertou, nesta quarta-feira (13), que o prêmio Nobel da Paz concedido a Dimitri Muratov, editor-chefe de um jornal crítico ao governo, não é um "escudo" com o qual pode se proteger de seu status de "agente do exterior".
Muratov, que lidera as equipes do jornal Novaya Gazeta, recebeu na semana passada o prêmio Nobel da Paz junto com a jornalista filipina Maria Ressa, em um contexto de crescente repressão dos veículos independentes da mídia na Rússia.
Entre os instrumentos desta repressão está a atribuição do status de "agente do exterior", dado a vários jornalistas e jornais críticos ao Kremlin. Essa designação complica enormemente seu trabalho.
Se Muratov "não infringir o direito russo, se não der motivos que justifiquem que seja declarado agente do exterior, então isso não acontecerá", afirmou Putin nesta quarta-feira durante um fórum sobre energia, em Moscou.
O chefe de Estado russo pediu que Muratov não "use o prêmio Nobel como um escudo" para violar a legislação russa e "chamar a atenção".
"Seja qual for seu mérito, todo o mundo deve entender isso: é preciso respeitar as leis russas", insistiu.
As ONGs denunciam com frequência as pressões exercidas contra os jornais na Rússia, um país que ocupa a 150º posição de 180 no último índice da liberdade de imprensa publicado por Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Novaya Gazeta é um dos últimos redutos independentes do panorama midiático russo.
O jornal é famoso principalmente pelas investigações que realizou sobre a corrupção e as violações dos direitos humanos na Chechênia.
O compromisso do Novaya Gazeta custou a vida de seis de seus colaboradores desde os anos 1990, incluindo a famosa jornalista Anna Politkovskaya, assassinada em 2006.