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Nobel da Paz perde emprego em banco que criou

Muhammad Yunus desafiou a ordem para que deixasse o banco e seguiu trabalhando, além de entrar na justiça para manter o controle do Grameen Bank

Seus partidários políticos dizem que ele é vítima do primeiro-ministro Sheikh Hasina (Carsten Koall/Getty Images)

Seus partidários políticos dizem que ele é vítima do primeiro-ministro Sheikh Hasina (Carsten Koall/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2011 às 10h19.

Daca - A Corte Suprema de Bangladesh decidiu hoje rejeitar a última apelação possível do Nobel da Paz Muhammad Yunus contra uma ordem do banco central do país para que ele fosse retirado da administração do banco de microcrédito que ele fundou, informou o advogado de Yunus. O advogado, Tamin Husain Shawan, disse que a decisão tomada por todos os sete magistrados integrantes da corte foi unânime.

Um colega de Yunus revelou que ele disse a colegas do banco hoje que "é minha hora de partir". O economista falou a centenas de colegas do Grameen Bank, que compartilhou o Nobel da Paz de 2006 com Yunus, revelou o colega Amimul Islam. "Fui ao tribunal buscar justiça, mas agora eu recebi o veredicto e é minha hora de deixar o Grameen Bank", disse Yunus, segundo Islam. A sede do banco fica em Daca, capital do país.

A única esperança agora para o retorno de Yunus é uma apelação do Grameen Bank, apresentada à Suprema Corte e pedindo seu retorno. Analistas notam, porém, que a chance de sucesso dessa iniciativa é pequena.

O banco central, nominalmente independente do governo, retirou Yunus de seu cargo em 2 de março, argumentando que ele não buscou a aprovação do BC quando foi renomeado indefinidamente para a administração do Grameen Bank, em 1999. Segundo os juízes do país, Yunus também não respeitou a regra do próprio banco de microcrédito, que previa a aposentadoria compulsória aos 60 anos.

Apoiado por um importante lobby internacional, Yunus, de 70 anos, desafiou a ordem para que deixasse o banco e seguiu trabalhando, além de entrar na justiça para manter o controle da organização. Seus partidários dizem que ele é vítima do primeiro-ministro Sheikh Hasina, que Yunus desafiou em 2007 ao montar um partido político durante um período de regime militar.

Em dezembro, uma televisão norueguesa veiculou um documentário crítico a Yunus. O premiê acusou-o na época de "sugar o sangue dos pobres" e usar de "truques" financeiros para não pagar impostos.

O governo de Bangladesh possui 25% do Grameen Bank, banco com 24 mil funcionários. A instituição fornece crédito a oito milhões de emprestadores, a grande maioria mulheres que vivem em zonas rurais. Analistas dizem que a crescente influência do banco no país e sua atuação em áreas como de painéis solares, celulares e outros bens de consumo geraram desconforto no governo. As informações são da Dow Jones.

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