Nobel da Paz vai para jornalistas Maria Ressa e Dmitri Muratov, por esforços para defender a liberdade de expressão (Prêmio Nobel/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2021 às 06h26.
Última atualização em 8 de outubro de 2021 às 07h28.
A organização do Prêmio Nobel anunciou que o prêmio Nobel da Paz de 2021 vai para os jornalistas Maria Ressa e Dmitri Muratov. O comitê disse que o prêmio foi concedido"pela corajosa luta" nas Filipinas e na Rússia e que a liberdade de expressão "é uma pré-condição para a democracia e para uma paz duradoura".
Maria Ressa é uma das fundadoras da Rappler (rappler.com), empresa de mídia digital de jornalismo investigativo. "Ressa usa a liberdade de expressão para expor o abuso de poder, o uso da violência e o crescente autoritarismo em seu país natal [Filipinas]". Ainda de acordo com a academia sueca, "Rappler deu atenção à campanha assassina do regime de Duterte [presidente das Filipinas]. O número de mortes é tão alto que parece uma guerra contra a própria população do país". Ela é a primeira mulher a receber o prêmio na edição 2021.
Já Dmitry Muratov é russo e cofundador do jornal independente "Novaya Gazeta" (novayagazeta.ru), que já teve seis jornalistas mortos desde que foi fundado, em 1993. Ele é editor-chefe do jornal desde 1995. "Apesar das mortes e ameaças, Muratov se recusou a abandonar a política independente do jornal", afirmou Berit Reiss-Anderson, presidente do conselho do Nobel. "É o jornal mais independente da Rússia hoje, com uma atitude crítica em relação ao poder". O governo de Vladimir Putin afirmou após o prêmio que Muratov trabalha consistentemente de acordo com seus próprios ideais e que o jornalista é "corajoso e talentoso".
No ano passado, o vencedor do Nobel da Paz foi o Programa Alimentar Mundial (o World Food Programme) braço de ajuda humanitária contra a fome das Nações Unidas.
O comitê apontou na ocasião que a organização, ao combater a fome, era essencial na busca pela paz, e citou também os efeitos da pandemia da covid-19, que levou a piora no quadro de fome no mundo.
Já em 2019, o prêmio foi do primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, por sua atuação para o fim dos conflitos com a vizinha Eritreia.
Qualquer pessoa está elegível para um prêmio Nobel, indivíduos ou organizações. Há um grupo de pessoas que faz as indicações, como acadêmicos, ex-vencedores do prêmio, parlamentares, entre outros.
A organização não divulga oficialmente o nome de quem está concorrendo, mas alguns nomes são divulgados pelas próprias pessoas que fizeram a indicação. A escolha é feita, depois, por um comitê menor, de cinco pessoas, que fica em Oslo, na Noruega, e atua em total sigilo até o dia do prêmio.
Nomes como o presidente americano, Donald Trump, ou o brasileiro, Jair Bolsonaro, chegaram a ser indicados por alguns membros para o Nobel da Paz de 2020. Até mesmo o atacante brasileiro Roberto Firmino foi indicado no ano passado. Mas a indicação não garante o prêmio ou sequer garante que o nome indicado será um dos cotados.
O primeiro Nobel da Paz foi entregue em 1901, após pedido feito no testamento de Alfred Nobel, que morreria em 1896. Nobel foi um químico, inventor e empresário sueco, e uma figura controversa, por ter inventado explosivos que seriam amplamente usados em guerras.
A Fundação Nobel foi criada após sua morte para gerenciar a premiação, e é a responsável por distribuir os cinco prêmios: Psicologia ou Medicina, Física, Química, Literatura e Paz.
Já o Nobel de Ciências Econômicas não tem relação com Alfred Nobel, sendo criado anos depois, em 1969, e financiado pelo Banco da Suécia em sua memória. Mas a premiação também é reconhecida como um dos "Prêmio Nobel".
Henrik Syse, um dos membros do comitê, disse em entrevista à organização do Nobel que o diretor do comitê costuma ligar para o vencedor ao mesmo tempo em que o nome do vencedor está sendo divulgado na internet e à imprensa, de modo que é impossível que pessoas de fora da organização saibam o nome antes da hora.
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