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No Reino Unido, Johnson deve ser questionado por resposta ao coronavírus

A demora do primeiro-ministro britânico em tomar medidas contra a doença deve ser tema da audiência no Parlamento nesta quarta

Boris Johnson: Reino Unido passou as primeiras semanas da crise do coronavírus na contramão de países da União Europeia (Matt Dunham/Pool/Reuters)

Boris Johnson: Reino Unido passou as primeiras semanas da crise do coronavírus na contramão de países da União Europeia (Matt Dunham/Pool/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2020 às 06h19.

Última atualização em 18 de março de 2020 às 07h26.

A demora do Reino Unido em lidar com o coronavírus deve ser novamente colocada em pauta. O primeiro-ministro Boris Johnson tem visita marcada ao Parlamento para responder a perguntas de representantes do povo, e respostas de seu governo à epidemia devem estar entre as principais pautas.

A visita de Johnson ao Parlamento acontece depois que o governo lançou na terça-feira uma proposta inicial de 330 bilhões de libras em garantias e empréstimos baratos para aquecer a economia frente ao vírus. O Reino Unido também pediu que seus cidadãos adotassem um distanciamento social e que pessoas incluídas no grupo de risco do Covid-19 evitassem sair às ruas e passassem a trabalhar de casa.

No mais, o governo também solicitou que as pessoas usassem os serviços públicos de saúde só em casos de extrema necessidade e que pessoas com sintomas da doença, bem como as pessoas com quem elas tiveram contato, permanecessem em quarentena de 14 dias.

As ações marcam uma mudança de postura do governo. Até poucos dias atrás, o clima no país era de conscientização da população, com orientação oficial de que as pessoas mantivessem a calma e lembrassem de lavar sempre as mãos.

Apesar do recuo e das medidas mais rígidas apresentadas na semana, Johnson está sendo acusado de agir com atraso na crise, especialmente considerando que o país está entre os dez mais afetados pela doença, fora a China. Até a noite de terça-feira, o Reino Unido contava com 1.960 casos confirmados. É menos do que cenários como de Alemanha, França e Espanha, que passam de 5.000 casos, ou da Itália, que tem mais de 30.000 casos.

Além disso, os especialistas dizem que as novas medidas do governo são insuficientes para conter a epidemia e evitar uma pressão nos serviços de saúde. O governo é criticado por ter demorado a cancelar as aulas nas escolas e a impor restrições na entrada de estrangeiros no país. Nesse sentido, o Reino Unido parece caminhar na contramão dos países da União Europeia, bloco que abandonou.

A demora na resposta do governo, controlado pelo Partido Conservador, é um prato cheio para a oposição do Partido Trabalhista, que aguarda ansiosamente pela sessão de perguntas e respostas no Parlamento. Vale lembrar que, até agora, dois parlamentares foram diagnosticados com o novo coronavírus. Para piorar, a ministra da saúde de Johnson, Nadine Dorries, também foi diagnosticada.

Além disso, os indicadores econômicos britânicos, que ainda tentam se organizar depois de meses de indefinição acerca do Brexit, também estão titubeando. Há até mesmo a expectativa de que o Reino Unido enfrente uma recessão ainda em 2020. Boris Johnson terá obstáculos na economia e na política daqui para frente.

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