Homens no Japão: pesquisa feita com mulheres revelou que muitos homens usam licença-paternidade para se divertir (Tomohiro Ohsumi / Correspondente/Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 26 de janeiro de 2020 às 06h05.
Última atualização em 26 de janeiro de 2020 às 07h05.
O governo do Japão está incentivando homens a tirarem licença-paternidade diante da crise demográfica enfrentada pelo país, mas há um novo desafio. Segundo uma pesquisa, quase um terço das mães relatou que seus parceiros ajudam pouco em casa durante a licença.
Em um grupo de 508 mães com pelo menos um filho, 32% disseram que seus maridos dedicavam menos de duas horas diárias em tarefas domésticas ou para cuidar da criança durante a licença-paternidade, segundo pesquisa divulgada na quarta-feira pelo Mamari, um portal de informações sobre maternidade. Cerca de 20% das mães disseram que seus maridos trabalhavam mais de oito horas.
As mães que participaram da pesquisa disseram que, muitas vezes, elas mesmas acabavam fazendo as tarefas domésticas ou que seus maridos usavam parte do tempo para se divertir.
A desigualdade de gênero nas tarefas domésticas no Japão tem chamado a atenção do mundo todo.
Embora 71% das japonesas entre 15 e 64 anos tenham emprego remunerado em comparação com 60% em 2012, o papel dos homens em casa não acompanhou o avanço. Os japoneses fazem menos tarefas domésticas do que homens de qualquer outro país desenvolvido, enquanto as japonesas dormem menos que as mulheres desse grupo, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
Os dados do governo japonês indicam que uma maneira de virar o jogo pode ser a divisão de tarefas domésticas. Quanto mais tempo o parceiro gasta em tarefas domésticas e cuidando dos filhos nos dias de folga, maior a probabilidade de que a esposa tenha outro filho, de acordo com pesquisa do Ministério do Bem-Estar.
O Japão quer incentivar mais homens a tirarem licença-paternidade para reduzir o fardo das famílias, já que a população encolhe e envelhece rapidamente. O ministro do Meio Ambiente, Shinjiro Koizumi, recentemente foi destaque na mídia ao se tornar o primeiro membro do gabinete a tirar licença-paternidade após o nascimento do filho neste mês.
Koizumi vai tirar duas semanas de licença ao longo de três meses, incluindo jornadas mais curtas e trabalho remoto, um plano que atraiu elogios e algumas críticas. Um usuário do Twitter disse em um post com muitas curtidas que “dias mais curtos e trabalho remoto não são licença para cuidar de crianças”.