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No enterro de seu irmão, Karzai convoca os talibãs à paz

Presidente afegão estava acompanhado de membros de seu gabinete, parlamentares, líderes tribais e representantes da Otan

Hamid Karzai, presidente do Afeganistão: segurança à família era forte no enterro (Getty Images)

Hamid Karzai, presidente do Afeganistão: segurança à família era forte no enterro (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2011 às 12h47.

Cabul - O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, pediu nesta quarta-feira aos talibãs que deixem de matar e optem pela paz durante o enterro de seu meio-irmão Ahmed Wali Karzai, assassinado na terça-feira por um de seus guarda-costas em sua casa em Kandahar (sul).

"Peço aos insurgentes talibãs que deixem de matar e se unam ao processo de paz, que beneficia a todos os afegãos", afirmou o líder no povoado de Karz, de onde é originária a família Karzai, a 20 quilômetros de Kandahar.

O presidente afegão, em meio a fortes medidas de segurança, estava acompanhado nas cerimônias fúnebres de membros do Gabinete, parlamentares, líderes tribais da região e representantes da missão da Otan no país centro-asiático.

"Helicópteros sobrevoavam a região de Kandahar e centenas de agentes das forças de segurança estavam no local para garantir a segurança na residência da família Karzai no distrito de Dand", explicou o porta-voz do Governo regional de Kandahar, Zalmai Ayuby.

Imagens exibidas pelo canal afegão "Tolo TV" mostraram Karzai, membros de sua família e dezenas de pessoas no cemitério, onde o presidente retirou os sapatos e agachou-se para ver o corpo de seu irmão pela última vez.

Ahmed Wali Karzai era o chefe do Conselho provincial de Kandahar e era considerado o homem mais poderoso do sul afegão, onde ao longo dos anos havia iniciado uma espessa rede de colaboradores para zelar pelos interesses da família.

O ataque ocorreu na terça-feira na residência de Kandahar, onde Wali Karzai foi baleado por um de seus homens de confiança, Sardar Mohamad, pertencente à mesma tribo que a família no poder, a Popalzai.

Mohamad esperou com uma "carta na mão" a vítima sair do interior da casa para fazer os ritos prévios à oração e depois disparou um tiro contra sua cabeça e o peito, informou o escritório do governador de Kandahar.


Segundo diferentes órgãos de imprensa, o assassino morreu pelos disparos do guarda-costas e seu corpo foi exposto publicamente na cidade.

O movimento talibã assumiu a autoria do ataque, que classificou como um de seus "maiores conquistas", embora não apresentou provas disso, e nesta quarta-feira emitiu um comunicado no qual ameaçou "todos aqueles afegãos que apoiam às tropas estrangeiras".

Os talibãs iniciaram sua tradicional ofensiva de primavera, que costuma trazer consigo um recrudescimento das ações armadas e uma tentativa para alcançar ações de impacto contra as tropas e o Governo afegão.

Nesta quarta-feira mesmo, duas bombas explodiram em Kandahar na passagem da comitiva do governador da província da vizinha Helmand, Mohammad Gulab Mangal, quando a mesma se dirigia ao funeral, e causaram ferimentos em dois soldados.

Embora Wali Karzai sofresse constantes acusações de corrupção e narcotráfico e não tinha a confiança das tropas estrangeiras presentes no país, os analistas acreditam que sua morte deixa um vazio de poder em um momento muito delicado para o Afeganistão.

O mês de julho foi escolhido pelos principais líderes ocidentais para iniciar o processo de retirada do país e começar a transferência das responsabilidades de segurança às tropas afegãs em sete zonas, a priori as mais tranquilas.

Ao todo estão no país 133 mil soldados estrangeiros e está previsto que o processo de retirada termine no ano de 2014.

Em pleno enterro, Hamid Karzai nomeou como novo chefe do Conselho provincial de Kandahar o Shah Wali Karzai, outro de seus meio-irmãos e irmão do assassinado, e pouco mais tarde deixou a região acompanhado de sua comitiva e retornou à capital afegã, Cabul.

Karzai recebeu as condolências, entre outros, dos Estados Unidos, a missão da Otan, Paquistão e da Índia e também da França, cujo presidente, Nicolas Sarkozy, tinha viajado para Cabul em visita oficial quando vazou (informação) a notícia do assassinato.

"Pertencemos a Alá e a ele voltamos. Esta é a vida diária do povo afegão. Sofremos todos e esperamos colocar fim ao sofrimento do povo", afirmou Karzai nesta terça-feira sobre a morte de seu irmão em entrevista coletiva conjunta com Sarkozy.

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