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No Chile, Lula foca em negócios e evita falar sobre Venezuela

Segundo auxiliares do presidente da República, partiu do governo de Gabriel Boric o pedido para que o tema não fosse tratado para não ofuscar os tratados firmados entre os países

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e o ao lado do Presidente do Chile, Gabriel Boric, posam para fotografia oficial, no Salão Azul do Palácio de La Moneda. Santiago (Ricardo Stuckert/Agência Brasil)

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e o ao lado do Presidente do Chile, Gabriel Boric, posam para fotografia oficial, no Salão Azul do Palácio de La Moneda. Santiago (Ricardo Stuckert/Agência Brasil)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 6 de agosto de 2024 às 19h43.

Última atualização em 6 de agosto de 2024 às 22h12.

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Santiago, Chile* - A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Chile foi marcada pelo anúncio de investimentos de empresários chilenos e brasileiros de R$ 82 bilhões nos dois países, além da demonstração clara do governo petista de interesse em que a Latam compre 30 aviões da Embraer para reforçar as rotas de aviação regional da companhia aérea no Brasil. Diversos acordos foram assinados entre os dois países, mas Lula fugiu da imprensa para evitar fazer qualquer comentário sobre o conturbado processo eleitoral na Venezuela.

Segundo ministros ouvidos pela EXAME que compunham a delegação presidencial, Lula sabe que tanto uma posição de neutralidade quanto de apoio à Venezuela adotada por ele gera desgaste na sua popularidade.

Os mesmos auxiliares do presidente da República, entretanto, relembraram que o governo brasileiro ainda não reconheceu a eleição de Nicolás Maduro.

"Defender uma política de paz no mundo tem um preço e traz desgastes para o presidente. Ele tem consciência disso e me confidenciou", disse um de seus auxiliares, pedindo reserva. "Além disso, esse tema foi tratado com Boric. Lula é um pacifista, quer evitar conflitos na América do Sul e no mundo."

Sem entrevistas

É comum que o presidente da República fale com a imprensa brasileira que o acompanha em viagens internacionais. Quando chegou em Santiago, no último domingo, 4, Lula disse ao jornalistas que falaria no dia seguinte.

O mesmo recado foi dado na segunda-feira, 5, após participar de evento na sede do governo chileno. Havia expectativa de que o mandatário falaria com a imprensa ao fim do Fórum Empresarial Brasil e Chile, organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Nesta terça-feira, 6, após assinar ao lado de Boric um acordo de cooperação no setor espacial entre os dois países, Lula se negou, pelo terceiro dia consecutivo, a falar com os jornalistas.

Segundo auxiliares do presidente, essa decisão foi tomada após um pedido do governo chileno para que o sucesso da viagem não fosse ofuscado por eventuais polêmicas sobre a Venezuela.

Descontentamento com a sinalização de alta de juros

Ministros também afirmaram a EXAME que Lula não gostou de saber que os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizaram, de maneira unânime, que podem subir os juros ainda em 2024 para conter a inflação e reancorar as expectativas de inflação.

A necessidade de redução de juros para impulsionar a economia brasileira, inclusive, foi defendida por ministros de Lula que discursaram no fórum empresarial da Apex.

"O presidente ficou aborrecido quando soube das notícias do Copom. Esse foi mais um dos motivos que o levaram a evitar qualquer declaração para a imprensa durante a viagem. O momento não é de criar ruídos", disse outro ministro.

* O repórter viajou a convite da ApexBrasil

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