Joe Biden: presidente, que busca a reeleição, considera os eventos de 6 de janeiro como fundamentais para o desenrolar da corrida de 2024 (Agence France-Presse/AFP)
Redação Exame
Publicado em 5 de janeiro de 2024 às 19h29.
Última atualização em 5 de janeiro de 2024 às 19h50.
Na véspera do terceiro aniversário do ataque ao Capitólio, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acusou seu antecessor, Donald Trump, de estar "disposto a sacrificar a democracia" americana.
As falas do democrata ocorreram durante o primeiro discurso do ano eleitoral nos EUA, no qual Biden buscará a reeleição na corrida pela Casa Branca, tendo o republicano como seu mais provável adversário.
O atual mandatário também citou que a linguagem de Trump é similar à usada pelo regime nazista na Alemanha. "Ele fala sobre o envenenamento do sangue dos americanos, ecoando exatamente a mesma linguagem usada na Alemanha nazista", afirmou o democrata sobre as declarações de Trump a respeito dos migrantes que atravessam a fronteira com o México.
O evento na cidade de Blue Bell, na Pensilvânia, estado onde o presidente nasceu, estava inicialmente programado para ocorrer neste sábado, 6. O objetivo era deque o dia coincidisse com a data em que uma multidão de simpatizantes de Trump invadiu a sede do Legislativo americano para tentar impedir a certificação da vitória de Biden nas eleições de 2020.
No entanto, uma iminente tempestade de inverno o obrigou a antecipar o evento em um dia para esta sexta-feira.
A campanha de Biden considera os eventos de 6 de janeiro como fundamentais para entender como se desenrolará a corrida de 2024. O foco de sua equipe é mostrar que Trump e os republicanos tentaram reescrever a História americana naquele dia, apontando que as imagens do tumulto no Capitólio permanecem gravadas na memória dos eleitores.
"Trump está tentando roubar a História da mesma maneira que tentou roubar a eleição. Mas conhecíamos a verdade porque vimos com nossos próprios olhos", disse o democrata no discurso. Segundo o democrata, aqueles que invadiram o Capitólio "eram insurgentes, não patriotas", e que o tumulto foi um "ataque violento", não um protesto pacífico.
Trump, por sua vez, busca usar os eventos de 6 de janeiro a seu favor. Ele continua com a narrativa de que a eleição de 2020 foi roubada dele, numa repetição do grito de guerra que ele deu aos apoiadores naquele dia, quando disse a eles para "lutar como nunca antes", caso contrário, "vocês não terão mais um país".
Alguns democratas criticaram Biden por demorar a iniciar a campanha presidencial. O presidente não conseguiu convencer os eleitores de que a economia está melhorando sob sua gestão. Apesar do crescimento inesperado do emprego em dezembro, ele reconheceu nesta sexta-feira em comunicado que "alguns preços ainda estão muito altos para muitos americanos".
Ele também enfrenta outros obstáculos, como a migração pela fronteira com o México, a divisão em seu partido por seu apoio à guerra de Israel contra o grupo fundamentalista islâmico palestino Hamas ou o bloqueio no Congresso à sua solicitação de mais fundos para a Ucrânia em sua guerra com a Rússia.
A recusa de Biden em mencionar as acusações criminais contra Trump, para evitar parecer que está influenciando o Judiciário, também o privou de uma de suas armas mais poderosas contra o republicano milionário de 77 anos.
Porém, aos 81 anos, talvez a maior vulnerabilidade de Biden seja sua idade, especialmente após uma série de quedas e gafes.
Trump lidera Biden em várias pesquisas, e a aprovação do democrata entre o público é catastrófica. Sondagens da Gallup têm mostrado uma taxa de aprovação abaixo de 40% para o presidente desde outubro. Uma pesquisa do New York Times/Siena College de novembro indicou que Biden perderia para Trump em cinco dos seis estados-chave disputados.
Com AFP, New York Times e O Globo