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"Ninguém ameaça o governo", diz ministro peruano a Odebrecht

O presidente da Odebrecht Latinvest no Peru havia dito que "nenhuma empresa quererá colaborar" com a Justiça caso seja ordenada a sair do país

Odebrecht: no Peru, a Odebrecht pagou US$ 29 milhões em subornos a funcionários entre 2005 e 2014 (jbdodane/Flickr/Creative Commons)

Odebrecht: no Peru, a Odebrecht pagou US$ 29 milhões em subornos a funcionários entre 2005 e 2014 (jbdodane/Flickr/Creative Commons)

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EFE

Publicado em 26 de janeiro de 2017 às 13h39.

Lima - O primeiro-ministro do Peru, Fernando Zavala, afirmou nesta quinta-feira que "ninguém ameaça o governo", depois que um representante da Odebrecht comentou que "nenhuma empresa quererá colaborar" com a Justiça se for expulsa do país.

Zavala afirmou, em declarações publicadas hoje por veículos de comunicação locais, que o governo vai tomar ações para salvaguardar os interesses do Estado e espera que a Odebrecht cumpra com o acordo alcançado com a procuradoria nas investigações sobre subornos pagos entre 2004 e 2015.

"Vamos tomar ações para assegurar que seguimos oferecendo serviços ao cidadão e defendemos os interesses do Estado", enfatizou o primeiro-ministro.

Pouco antes, o presidente da Odebrecht Latinvest no Peru, Mauricio Cruz, havia dito, em declarações divulgadas hoje pelo jornal "El Comercio", que "nenhuma empresa quererá colaborar" com a Justiça caso seja ordenada a sair do país.

Esta foi uma resposta direta às palavras de terça-feira do presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, que afirmou que a Odebrecht "tem que sair" do país, já que, apesar de estar a cargo de grandes obras, "infelizmente tem esta tara da corrupção".

O governante considerou que antes de vender sua participação nos diferentes projetos que executa no país, a construtora brasileira tem "que chegar a um acordo com a procuradoria", que investiga as denúncias de corrupção.

Cruz assegurou, no entanto, que a empresa assinou apenas um "pré-acordo de colaboração" com a procuradoria peruana e que "existe a expectativa que no final do processo haja um acordo final".

"Isto não foi uma negociação, porque nossa empresa não pôs nenhuma condição. Não é que nós tenhamos condicionado a receber algo para poder colaborar, a colaboração é total, ampla e incondicional", esclareceu.

O representante da empresa brasileira também admitiu que os subornos pagos são "delitos" e disse não saber porquê nos comunicados que a Odebrecht emite sobre o caso são qualificados de "graves erros".

"O fato é que estamos reconhecendo e ao mesmo tempo estamos pedindo desculpas pelos crimes cometidos, foi um erro da empresa entrar em um esquema ilegal para obter novos projetos", acrescentou.

No Peru, a Odebrecht pagou US$ 29 milhões em subornos a funcionários entre 2005 e 2014, anos que compreendem os governos de Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016), segundo se desprende do acordo assinado pela construtora com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Nos últimos dias foram efetuadas as primeiras detenções de ex-funcionários da gestão de García vinculados com a construção da linha 1 do metrô de Lima e acusados de terem recebido subornos para obter a licitação dessa obra.

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