Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Ronald PEÑA/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 20 de junho de 2024 às 15h11.
Última atualização em 20 de junho de 2024 às 15h38.
O presidente venezuelano Nicolás Maduro, que busca a reeleição em 28 de julho, assinou nesta quinta-feira, 20, juntamente com outros candidatos de menor relevância, um documento para respeitar os resultados das eleições. Principal nome da oposição, Edmundo González não assinou o acordo e criticou sua “imposição unilateral”.
O chefe do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, próximo ao chavismo, leu os termos do pacto, que inclui "a absoluta vontade de reconhecer os resultados emitidos pelo Poder Eleitoral" e "competir em um clima de respeito, paz e participação democrática".
Oito dos dez candidatos assinaram o documento. Maduro foi o último a assinar; os outros sete se definem como opositores, embora sejam distantes da oposição tradicional, que os rotula como “colaboradores” do governo.
"Qualquer que seja a decisão do árbitro eleitoral, amém", disse Maduro após a assinatura. "Chega de sabotagens contra nosso país, chega de conspirações. A Venezuela quer tranquilidade".
O nome de González estava no documento. "Ele não atendeu ao chamado da pátria", disse Amoroso, após tentar contactá-lo sem sucesso.
"Não recebi nenhum convite para ir hoje ao CNE", afirmou mais cedo González, candidato da principal coalizão de oposição, a Plataforma Unitária, após a desqualificação da líder María Corina Machado e o veto a outros nomes.
Enrique Márquez, ex-reitor do CNE, foi o outro candidato que também não compareceu ao evento.
González denunciou em comunicado que o texto foi "imposto unilateralmente" pelo CNE e destacou que o reconhecimento dos resultados já fazia parte do acordo assinado no ano passado entre o governo e a oposição em Barbados, com mediação da Noruega.
"É um sinal da parcialidade que caracteriza esta campanha desigual", afirmou o opositor, acrescentando que "revogar a observação internacional da União Europeia e aumentar a perseguição contra líderes e simpatizantes de nossa campanha" violava precisamente o que foi acordado em Barbados.
Amoroso retirou o convite à UE há um mês, depois que o bloco ratificou sanções individuais contra líderes do chavismo. O documento assinado nesta quinta-feira também pedia o levantamento "absoluto" de todas as medidas punitivas contra a Venezuela.
A campanha eleitoral oficial começa em 4 de julho, embora Maduro e Machado — figura central da mobilização opositora — estejam liderando comícios por todo o país há meses.
Os opositores denunciam perseguição, com 37 líderes detidos até o momento neste ano, enquanto o governo os acusa de tentar derrubar Maduro.