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Nicarágua se transformará em uma Venezuela se repressão continuar, diz ONU

Zeid Ra'ad Al Hussein denunciou "o grau intenso de repressão" que exercem as forças governamentais e grupos armados irregulares que as apoiam

Alto comissário da ONU advertiu que a Nicarágua pode ter um futuro similar ao da Venezuela se não parar a repressão contra os cidadãos (Oswaldo Rivas/Reuters)

Alto comissário da ONU advertiu que a Nicarágua pode ter um futuro similar ao da Venezuela se não parar a repressão contra os cidadãos (Oswaldo Rivas/Reuters)

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EFE

Publicado em 29 de agosto de 2018 às 09h18.

Última atualização em 29 de agosto de 2018 às 09h19.

Genebra - O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, advertiu nesta quarta-feira que a Nicarágua pode ter um futuro similar ao da Venezuela se não parar a repressão contra os cidadãos e não houver a libertação dos manifestantes detidos.

"Deve haver uma mudança de atitude (do Governo) porque caso contrário as condições com o tempo se assemelharão ao que é vivido na Venezuela, com uma economia debilitada", disse Zeid à imprensa, à qual comentou algumas das situações mais preocupantes de direitos humanos no mundo.

"É preciso libertar quem nunca devia ter sido detido por exercer seu direito a se reunir pacificamente", acrescentou o alto responsável da ONU, que dentro de dois dias entregará a testemunha à sua sucessora, a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet.

Zeid, que é conhecido por suas posições claras em defesa dos direitos humanos além de pressões políticas, disse que - como ocorreu ao iniciou da crise na Venezuela - na Nicarágua são acusados os líderes dos protestos de terrorismo, quando na realidade "estão lutando pelos direitos mais básicos".

O alto comissário denunciou "o grau tão intenso de repressão" que exerceram as forças governamentais e grupos armados irregulares que as apoiam, em particular contra os estudantes, muitos dos quais estão detidos.

"Não me surpreenderia que no futuro escutemos que houve desaparições ou casos de torturas", antecipou.

Zeid teve a oportunidade de falar com líderes do movimento estudantil que pede a saída do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, cujos relatos lhe impactaram pela gravidade dos fatos descritos.

O alto comissário saliente disse também que espera que o Conselho de Direitos Humanos (CDH) ordene a tempo uma investigação das violações de direitos e liberdades, como solicitou seu escritório.

O CDH inicia em 10 de setembro em Genebra seu terceiro e último período de sessões do ano.

O Escritório de Direitos Humanos da ONU denunciou desde o início da crise na Nicarágua, em abril, a repressão, em particular a participação de grupos de tipo paramilitar e seus ataques sem motivo contra os manifestantes.

Zeid disse que deve ser exercida rapidamente pressão em nível regional e internacional sobre o Governo do presidente nicaraguense, Daniel Ortega, porque as denúncias e declarações da ONU não são suficientes.

"Trata-se de gente que se prepara para atacar jovens estudantes, eles não vão escutar ou ouvir um funcionário da ONU", explicou.

Zeid não quis comentar a mediação que o presidente Ortega a pedido da ONU, apontando que este esforço corresponde ao secretário-geral da organização, António Guterres.

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