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Nevasca em campos de refugiados da Síria prevê inverno letal

Pior do inverno está por vir para 2,2 milhões de refugiados que vivem fora da Síria e para mais milhões de pessoas deslocadas no interior do país

Refugiados sírios correm para se proteger de um tempestade de neve na cidade de Zahle, no vale de Bekaa, Líbano (Mohamed Azakir/Reuters)

Refugiados sírios correm para se proteger de um tempestade de neve na cidade de Zahle, no vale de Bekaa, Líbano (Mohamed Azakir/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2013 às 16h33.

Campo Tel Sarhan - A primeira nevasca da temporada atingiu partes do Líbano nesta quarta-feira e as crianças refugiadas do conflito da Síria aproveitaram a oportunidade para fazer uma guerra de bolas de neve no lado de fora de suas barracas.

Mas o pior do inverno ainda está por vir para 2,2 milhões de refugiados que vivem fora da Síria e para mais milhões de pessoas deslocadas no interior do país.

A tempestade batizada de Alexa está varrendo a Síria e o Líbano, trazendo consigo ventos fortes e temperaturas congelantes, marcando o início do terceiro inverno desde que o conflito sírio começou em março de 2011.

A neve causou estragos em toda a região e suspendeu o início de uma ponte aérea humanitária que deveria começar a levar suprimentos do Iraque para as áreas curdas do nordeste da Síria, onde dezenas de milhares de pessoas estão fora de alcance.

Em um assentamento, a alguns quilômetros da fronteira no Vale de Bekaa, no Líbano, mais de 1.000 pessoas vivem em abrigos rudimentares.

O refugiado Ibrahim, de 27 anos, falou à Reuters em sua barraca, onde o chão de terra se transformou em lama e ventos fortes sopraram neve para a entrada. As crianças se reuniram em um canto em torno de um fogo em uma caixa de metal.

"A tempestade vai acabar com a gente. Está muito frio agora. Busco refúgio em Deus", disse ele.

Sua família não tem dinheiro suficiente para alimentos ou para construir um abrigo resistente.


Homens encheram sacos com lixo para segurar as tendas e colocaram pneus de carro e tijolos no topo das estruturas frágeis de madeira para impedir que o vento rasgasse.

No Líbano, mais de 835.000 refugiados vivem em acampamentos, edifícios não utilizados ou com amigos ou família. O governo libanês decidiu não abrigá-los em acampamentos formais devido ao sentimento local de que ficariam lá permanentemente.

Agências de ajuda humanitária podem ajudá-los com alimentos, barracas, cobertores e roupas, mas não podem criar campos de refugiados formais.

Ibrahim, que chegou na semana passada, disse que a ajuda não é suficiente para os recém-chegados.

"Nós viemos aqui no inverno, mas teria sido melhor se tivéssemos ficado na Síria. Pelo menos se você morrer, você morre em sua própria casa", disse ele.

Um porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Simon Ingram, disse que a agência tem sido capaz de mobilizar suprimentos de inverno para sírios no país e seus vizinhos, mas que "as necessidades vão superar o que nós e nossos parceiros somos capazes de fornecer".

O início do inverno coincide com uma campanha de vacinação contra a poliomielite que pretende vacinar 750.000 crianças no Líbano, depois que um surto da doença foi confirmado no leste da Síria, em outubro.

"A poliomielite se espalha através de água e esgoto", disse Ingram. "Este é um dos grandes perigos - esgotos transbordando." Na Síria, a nevasca não interrompeu os combates entre rebeldes e forças leais ao presidente Bashar al-Assad, que já mataram mais de 100.000 pessoas nos últimos dois anos e meio.

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