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Netanyahu recua na colonização para influenciar acordo

O primeiro-ministro israelense precisou desautorizar publicamente na terça-feira seu ministro da Habitação, Uri Ariel


	Benjamin Netanyahu e John Kerry: anúncio do ministro foi duramente criticado pelos Estados Unidos, que consideram a colonização ilegítima
 (AFP)

Benjamin Netanyahu e John Kerry: anúncio do ministro foi duramente criticado pelos Estados Unidos, que consideram a colonização ilegítima (AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2013 às 16h13.

Jerusalém - Em plena crise diplomática com Washington, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se viu obrigado a voltar atrás em um projeto de colonização para não contrariar a comunidade internacional e convencer o mundo a endurecer sua atitude em relação ao Irã.

O primeiro-ministro israelense precisou desautorizar publicamente na terça-feira seu ministro da Habitação, Uri Ariel, que anunciou sem coordenação prévia um projeto para construir 20.000 casas nas colônias da Cisjordânia ocupada, um número recorde.

O anúncio do ministro, um líder do partido de extrema-direita Casa Judaica, próximo às organizações de colonos, foi duramente criticado pelos Estados Unidos, que consideram a colonização ilegítima.

Os palestinos ameaçaram, por sua vez, abandonar as negociações de paz com Israel.

"Esta ação provoca um enfrentamento desnecessário com a comunidade internacional, num momento em que estamos tentando convencer os membros desta comunidade a alcançar um acordo melhor com o Irã", declarou Netanyahu criticando o seu ministro.

"Estamos vivendo dias extremamente sensíveis. Um anúncio como o do ministro Ariel mina não apenas as negociações de paz (com os palestinos), que já sofrem dificuldades, mas também os grandes esforços do primeiro-ministro sobre a questão iraniana", lembrou, por sua vez, o ministro da Ciência, Yaacov Peri, um centrista, em declarações à rádio pública.

Mas as críticas políticas em Israel são, sobretudo, contra o momento do anúncio, e não contra a colonização em si.

Em 2010, o anúncio de outro vasto programa de novas casas na zona de colonização de Jerusalém-Oriental coincidindo com uma visita do vice-presidente americano, Joe Biden, provocou uma crise diplomática com Washington.

O ministro de Assuntos Estratégicos, Youval Steinitz, próximo a Netanyahu, pediu nesta quarta-feira que a colonização seja inteligente e coordenada.

"O primeiro-ministro tem razão quando diz que em um período tão sensível, quando estamos tentando convencer os americanos, os europeus e os russos a corrigir o acordo problemático com o Irã, é preciso fazer as coisas em coordenação com o primeiro-ministro", disse à rádio pública.


Uma oposição "histérica"

O chefe do governo israelense está em plena batalha diplomática sobre o polêmico programa nuclear iraniano com o secretário americano de Estado, John Kerry, acusado por ele de querer conseguir a qualquer preço um acordo ruim com Teerã, embora os americanos prometam que nunca deixarão que o Irã construa uma bomba nuclear.

Inclusive o influente New York Times criticou na terça-feira em seu editorial a oposição histérica de Netanyahu os esforços ocidentais para alcançar um acordo com o regime iraniano.

Israel também está tentando usar sua influência no Congresso dos Estados Unidos para pressionar a administração de Barack Obama antes que as negociações com Teerã sejam retomadas, no dia 20 de novembro.

"Vamos realizar uma campanha nos Estados Unidos entre dezenas de membros do Congresso, para os quais eu mesmo vou explicar que a segurança de Israel está em jogo", explicou o ministro da Economia, Naftali, antes de viajar na terça-feira a Washington.

Mas esta ofensiva diplomática também provoca comentários céticos ou irônicos.

"Se (os Estados Unidos) não nos deixarem bombardear o Irã, vamos bombardear os Estados Unidos. Esta parece ser a nova estratégia israelense diante da ameaça nuclear iraniana", escreve Zvi Bar'el nesta quarta-feira no jornal de esquerda Haaretz.

"Sem nenhuma dúvida chegou a hora de ocupar Washington. É o autêntico inimigo que leva o mundo ao abismo e que ameaça a existência de Israel", acrescenta com ironia.

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