Israel-Hamas: Netanyahu anunciou a ordem depois de rejeitar a resposta do movimento islâmico Hamas à proposta de cessar-fogo proposta pelos mediadores do conflito (JACQUELYN MARTIN/POOL/AFP /Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 8 de fevereiro de 2024 às 06h45.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou que suas forças entrassem na superlotada cidade de Rafah, na Faixa de Gaza, apesar das negociações com o Hamas marcadas para esta quinta-feira no Cairo em busca de uma trégua. Netanyahu anunciou a ordem depois de rejeitar a resposta do movimento islâmico Hamas à proposta de cessar-fogo proposta pelos mediadores do conflito, embora o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, tenha insistido na quarta-feira que ainda vê “espaço para um acordo”.
Entretanto, cresce a preocupação com as centenas de milhares de palestinos abrigados em Rafah, na fronteira com o Egito, face à incursão israelense. O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que uma ofensiva terrestre em Rafah iria “aumentar exponencialmente o que já é um pesadelo humanitário”.
Netanyahu anunciou em um discurso televisivo nesta quarta-feira que ordenou aos militares que “se preparassem para operar” na cidade e que a “vitória completa” contra o Hamas é uma questão de meses.
"Ceder às exigências bizarras do Hamas que ouvimos... apenas seria um convite a outro massacre", acrescentou.
Blinken, em viagem ao Oriente Médio para pressionar por uma trégua, disse aos jornalistas em Tel Aviv que a contraproposta do Hamas pelo menos oferece uma oportunidade "para avançar nas negociações".
Uma nova rodada de negociações deve começar nesta quinta-feira no Cairo para alcançar uma pausa no conflito em Gaza e uma troca de prisioneiros por reféns, informou uma autoridade egípcia. O Egito instou “ambas as partes a mostrarem a flexibilidade necessária” para chegar a um acordo, acrescentou o funcionário que pediu anonimato.
Uma fonte do Hamas garantiu que o grupo palestino concordou em participar nas negociações com vista a “um cessar-fogo e o fim da guerra e uma troca de prisioneiros”. A guerra eclodiu em 7 de outubro com um ataque do Hamas no sul de Israel que deixou mais de 1.160 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses. Entre os mortos estão mais de 300 soldados.
Militares islâmicos também sequestraram cerca de 250 pessoas, incluindo soldados, e cerca de 132 permanecem em Gaza, incluindo 29 que se acredita estarem mortos. Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar que matou 27.708 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria mulheres, crianças e adolescentes, segundo o ministério da saúde do Hamas, que governa o território.
O ministério disse na manhã desta quinta-feira que 109 pessoas foram mortas em ataques noturnos israelenses. A sociedade israelense está atenta à situação dos reféns. Netanyahu insiste que a acção militar é a única forma de os recuperar, mas enfrenta uma pressão crescente para chegar a um acordo com o Hamas para os libertar.
Adina Moshe, uma refém libertada em Novembro, avisou o primeiro-ministro que “tenho muito medo e estou muito preocupada que se seguirem esta linha de destruição do Hamas, não haverá mais reféns para libertar”.
Entretanto, cresce o medo entre os refugiados palestinos em Rafah face aos preparativos israelenses para atacar a cidade. Mais de metade dos 2,24 milhões de habitantes de Gaza procuraram refúgio naquela cidade.
“As suas condições de vida são terríveis, não têm as necessidades básicas para sobreviver, são assolados pela fome, doenças e morte”, disse o chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, num comunicado. “À medida que a guerra se aprofunda em Rafah, estou profundamente preocupado com a segurança e o bem-estar das famílias que suportaram o impensável em busca de segurança”, disse ele.
Sem apelar a Israel para parar o seu avanço sobre a cidade, Blinken insistiu que “qualquer operação militar levada a cabo por Israel deve colocar os civis em primeiro lugar”. A guerra em Gaza desencadeou um surto de violência no Médio Oriente, geralmente por parte de grupos apoiados pelo Irão que actuam em solidariedade com o Hamas, com respostas dos Estados Unidos, do Reino Unido e de Israel.
Um ataque dos EUA no Iraque matou nesta quarta-feira o comandante de um grupo armado pró-Irã acusado de participar em ataques contra forças dos EUA, de acordo com o Comando Central dos EUA na região.
Os Estados Unidos lançaram uma onda de bombardeios contra alvos ligados ao Irão no Iraque e na Síria, após a morte de três soldados americanos na Jordânia. No Líbano, a mídia estatal informou que os ataques israelenses na quarta-feira deixaram um civil morto e dois feridos.
A fronteira entre o Líbano e Israel tem sido palco de confrontos quase diários entre o exército israelense e o movimento islâmico Hezbollah, aliado do Hamas.