NEW YORK, NEW YORK - SEPTEMBER 26: Prime Minister of Israel Benjamin Netanyahu addresses the United Nations General Assembly (UNGA) at the United Nations headquarters on September 26, 2025 in New York City. World leaders convened for the 80th Session of UNGA, with this year’s theme for the annual global meeting being “Better together: 80 years and more for peace, development and human rights.” (Photo by Michael M. Santiago/Getty Images) (Michael M. Santiago/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 26 de setembro de 2025 às 11h03.
Em um recado direto ao grupo terrorista Hamas a partir do plenário da Assembleia Geral da ONU, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, exigiu a libertação dos reféns israelenses que foram sequestrados durante o atentado de 7 de outubro de 2023 e ainda estão em cativeiro na Faixa de Gaza, e prometeu "perseguir até o fim" aqueles que se recusarem a seguir o ultimato. O premier, que ordenou que o Exército israelense retransmitisse seu discurso em tempo real em Gaza, também mandou recados aos reféns, e condenou os líderes internacionais que denunciam as decisões do governo e reconhecem o Estado palestino.
"Graças a esforços especiais da inteligência israelense, minhas palavras agora também estão sendo transmitidas ao vivo para os celulares dos habitantes de Gaza. Portanto, aos líderes remanescentes do Hamas e aos carcereiros dos nossos reféns, digo agora: deponham as armas. Deixem o meu povo ir. Libertem os reféns, todos eles, os 48", afirmou Netanyahu. "Libertem os reféns agora. Se o fizerem, viverão. Se não, Israel os perseguirá até o fim."
O discurso de Netanyahu era esperado com grande expectativa nesta sexta-feira, em uma Assembleia Geral que teve o conflito israelense-palestino ocupando um espaço central. Quando o primeiro-ministro foi convocado ao púlpito, delegações se retiraram da sessão, enquanto outros aplaudiram Netanyahu.
"Os últimos elementos, os últimos remanescentes do Hamas, estão entrincheirados na Cidade de Gaza. Eles prometem repetir as atrocidades de 7 de outubro uma e outra vez, não importa quão reduzidas estejam suas forças. É por isso que Israel precisa terminar o serviço. É por isso que queremos fazê-lo o mais rápido possível", afirmou Netanyahu.
Com o prolongar da guerra em Gaza por quase dois anos, atores internacionais tentam pressionar por um cessar-fogo, e cada vez mais vozes criticam abertamente o governo israelense por adotar uma abordagem linha-dura, com pouco espaço para uma solução política.
Uma série de países, incluindo Austrália, Canadá, França, Reino Unido e Portugal, reconheceu o Estado palestino às vésperas do início da Assembleia Geral, e muitos dos discursos políticos proferidos desde terça-feira no plenário das Nações Unidas mencionaram a guerra em Gaza. O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, denunciou a quinta-feira o que chamou de genocídio "monitorado e documentado" cometido por Israel em Gaza, e a política expansionista que o Estado judeu acelerou durante a guerra.
O governo israelense autorizou a maior expansão em décadas de assentamentos na Cisjordânia, em maio, e na última semana anunciou um novo plano polêmico, chamado de E1, que prevê a construção de 3.400 casas, formando um corredor que isolaria Jerusalém Oriental — que os palestinos consideram a capital de seu Estado — do resto da Cisjordânia. Autoridades israelenses revelaram pretensões de ocupar permanentemente a Faixa de Gaza — um plano que o presidente americano, Donald Trump, já demonstrou apoio publicamente.
Diante da pressão internacional, incluindo por parte dos aliados europeus e de países da região do Golfo, Trump disse na quinta-feira que não permitiria que Israel anexasse a Cisjordânia, governada pela ANP. O presidente francês, Emmanuel Macron, que se reuniu com Trump um dia antes, tinha dito que europeus e americanos estavam "na mesma página" sobre a rejeição à ocupação do território palestino mais ao norte, e que isso seria uma linha-vermelha para Washington.
"[Qualquer tentativa de anexar a Cisjordânia] seria o fim dos Acordos de Abraão, que foi uma das histórias de sucesso do primeiro governo Trump. Os Emirados Árabes Unidos foram muito claros sobre isso. Acho que é um limite para os EUA", disse o presidente francês na quarta-feira.
Antes de embarcar para Nova York, na quinta-feira, Netanyahu antecipou que usaria seu discurso na ONU para condenar os líderes internacionais que reconheceram o Estado Palestino. Em uma mensagem nas redes sociais, ele falou que falaria a "verdade de Israel", e denunciaria "os líderes que, em vez de denunciar os assassinos, estupradores e queimadores de crianças", referindo-se ao Hamas, "querem dar a eles um Estado no coração da Terra de Israel".
O debate no campo político não desacelerou a ofensiva militar. As Forças Armadas de Israel operam com intensidade na Cidade de Gaza, principal centro urbano do enclave. Um porta-voz do Exército afirmou na quinta-feira que mais de dois mil alvos foram bombardeados desde o início da atual fase da ofensiva, e 700 mil palestinos deixaram a cidade até o momento.
Fontes militares israelenses ouvidas por veículos de comunicação do país afirmaram nesta sexta que o gabinete de Netanyahu deu ordens para que seu discurso na ONU fosse retransmitido por meio de alto-falantes em Gaza. Ao menos uma fonte militar considerou o plano "delirante".
(Com AFP)