Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel (ABIR SULTAN/POOL/AFP/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 18 de janeiro de 2024 às 17h58.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta quinta-feira que comunicou aos Estados Unidos que rejeita a criação de um Estado palestino em qualquer cenário pós-guerra, declarando que só concordará com um acordo que conceda a Israel o controle de segurança sobre toda a Faixa de Gaza.
A declaração ocorre após a informação de que países árabes já teriam discutido com Washington uma iniciativa que teria por objetivo encerrar o conflito com a condição da solução de dois Estados — algo também defendido pelos EUA, sendo um contundente ponto de divergência com Israel, seu aliado de longa data.
— Em qualquer acordo futuro, Israel precisa controlar a segurança de todo o território a oeste do Jordão. Isto colide com a ideia de soberania. O primeiro-ministro precisa ser capaz de dizer não aos seus amigos — disse Netanyahu a jornalistas em uma coletiva de imprensa, referindo-se aos EUA.
A vitória, acrescentou o líder israelense, levará "mais longos meses, mas estamos determinados a alcançá-la", conforme relatado pelo Times of Israel:
— Continuaremos a lutar com toda a força até alcançarmos todos os nossos objetivos: o retorno de todos os nossos reféns. E, repito, apenas a pressão militar levará à libertação deles; a eliminação do Hamas; e a certeza de que Gaza nunca representará novamente uma ameaça para Israel — disse.
Por sua vez, o Departamento de Estado dos EUA, declarou que não há como resolver os desafios de segurança na região e reconstruir Gaza, alvo de uma devastadora ofensiva israelense desde outubro, sem o estabelecimento de um Estado palestino.
— Não há maneira de resolver seus desafios de longo prazo para proporcionar segurança duradoura e não há maneira de resolver os desafios de curto prazo de reconstruir Gaza, estabelecer governança em Gaza e fornecer segurança para Gaza sem o estabelecimento de um Estado palestino — defendeu o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.
De acordo com o Financial Times, o plano dos países árabes envolvem um cessar-fogo em Gaza e a libertação de reféns pelo Hamas como parte de um acordo mais amplo já discutido com os governos dos EUA e da Europa. Esse plano ofereceria a Israel a possibilidade de normalizar laços com essas nações, desde que o país concorde com medidas "irreversíveis" relacionadas à criação de um Estado palestino. Segundo o jornal, a proposta seria apresentada nas próximas semanas.
Israel prometeu "aniquilar" o Hamas após o ataque em 7 de outubro que matou cerca de 1.140 pessoas no sul do país, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais. Também foram sequestradas cerca de 250 pessoas. Cem foram libertadas em troca da libertação de palestinos detidos em Israel, durante uma trégua de uma semana no final de novembro. Dos 132 restantes, 27 teriam morrido.
Em resposta, Israel lançou uma operação aérea e terrestre em Gaza, que até agora deixou 24.620 mortos, a maioria mulheres e menores, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
As declarações sobre o futuro de Gaza ocorrem em um momento de elevada tensão no Oriente Médio, com receios de que o conflito se espalhe ainda mais pela região.
Um dos pontos de conflito está na região do Mar Vermelho, sob tensão desde novembro. Nesta quinta-feira, o Exército dos Estados Unidos afirmou ter executado mais um ataque a posições dos rebeldes houthis no Iêmen, apoiados pelo Irã, tendo como alvos dois mísseis prontos para lançamento.
O ataque é o quinto em menos de uma semana, e ocorrem um dia após os EUA incluírem os houthis novamente à sua lista de grupos "terroristas".
Segundo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, "os ataques continuarão", disse a repórteres em Washington, antes de partir para um evento eleitoral na Carolina do Norte.
Desde meados de novembro, os rebeldes iemenitas houthis multiplicaram seus ataques no Mar Vermelho, uma importante rota marítima por onde passam 12% do comércio global, e em águas vizinhas contra navios que consideram vinculados a Israel. Os rebeldes alegam que seus ataques são em apoio aos palestinos na Faixa de Gaza.