O líder veterano da política israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou que formou um novo governo em Israel (AFP/AFP Photo)
AFP
Publicado em 22 de dezembro de 2022 às 09h33.
O líder veterano Benjamin Netanyahu anunciou, nesta quarta-feira (21), a formação de um governo com aliados ultraortodoxos e de extrema direita, retornando ao poder à frente da coalizão mais à direita da história de Israel.
"Informo-lhe que consegui formar um governo", destacou um comunicado do gabinete de Netanyahu, divulgado apenas meia hora antes do encerramento do prazo para que o premiê conseguisse um pacto com outros partidos.
O Likud, partido de Netanyahu, terminou em primeiro nas eleições legislativas de 1º de novembro - as quintas realizadas no país em três anos e meio.
Nestas eleições, o Likud obteve 32 assentos na Knesset (Parlamento israelense), enquanto seus aliados ultraortodoxos obtiveram 18 e a aliança Sionismo Religioso, 14, um recorde para a extrema direita.
LEIA TAMBÉM: Blinken, dos Estados Unidos, adverte novo governo de Israel contra novos assentamentos
Após o pleito, o presidente deu a Netanyahu o mandato de formar o governo, e então, ele iniciou as discussões com seus aliados para distribuir as pastas ministeriais.
Netanyahu, de 73 anos, que enfrenta acusações de corrupção na justiça, foi o chefe de governo mais longevo da história de Israel, primeiro de 1996 a 1999 e depois de 2009 a 2021.
Em 2021, foi derrotado por uma coalizão ideologicamente dispersa que falhou um ano depois.
O primeiro-ministro eleito tinha até 11 de dezembro para anunciar o novo Executivo, mas pediu uma prorrogação de duas semanas, o máximo previsto pela legislação. O presidente Herzog lhe concedeu apenas um prazo adicional de 10 dias.
Analistas consideram que o governo será o mais à direita da história do país, pois vai incluir os dois partidos ultraortodoxos - Judaísmo Unificado da Torá (UJT) e Shass (sefardita) -, bem como os três partidos da extrema direita: Sionismo Religioso, Força Judaica e Noam.
Alguns analistas esperavam que Netanyahu formasse um governo rapidamente após a eleição, dada a afinidade ideológica do Likud com seus aliados de direita.
Mas as negociações se arrastaram e Netanyahu teve que equilibrar as demandas de altos cargos no gabinete, alguns dos quais ele se viu obrigado a ceder.
Entre suas medidas mais controversas está a promessa de entregar o Ministério da Segurança Nacional ao chefe do partido Força Judaica, Itamar Ben Gvir, conhecido por sua retórica inflamada contra os árabes.
Inicialmente, não estava claro quando o novo governo seria instalado, embora Netanyahu tenha dito a Herzog que pretendia fazê-lo "o quanto antes".
Pode haver atrasos devido ao feriado judaico de Hanukkah e porque o Parlamento tem tarefas pendentes.
A Aryeh Deri, líder do partido Shass, foram prometidas as pastas do Interior e da Saúde, mas segundo a procuradora-geral, Gali Baharav-Miara, Deri não pode servir no gabinete devido a condenações fiscais.
O Parlamento planeja aprovar leis para contornar esse obstáculo, mas ainda não conseguiu fazê-lo, apesar de Netanyahu e seus aliados controlarem 64 das 120 cadeiras.
Espera-se também que Ben Gvir assuma a polícia de fronteira, que apoia o Exército na Jerusalém Oriental anexada e na Cisjordânia ocupada.
Ben Gvir foi acusado de aumentar as tensões e pediu às forças de segurança que usem mais força para conter os distúrbios palestinos.
Na terça-feira, um alto funcionário dos Estados Unidos disse sob anonimato que Washington pretende realizar uma reunião no início de 2023 entre Israel e os países árabes que o reconhecem para pressionar o governo de direita de Netanyahu a agir com moderação.
A procuradora-geral questionou a agenda legislativa prevista pelo novo governo, observando que algumas de suas medidas tornariam Israel "uma democracia no nome, mas não em essência".
"A politização da segurança será um duro golpe nos princípios mais fundamentais do império da lei, que são a igualdade, a ausência de arbitrariedade e a imparcialidade", alertou Baharav-Miara.
LEIA TAMBÉM: