Abbas (D) e o líder do Hamas, Khaled Meshaal: reconciliação (Oficina Prensa Hamas/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de fevereiro de 2012 às 13h39.
Jerusalém - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu nesta segunda-feira ao presidente palestino e líder do Fatah, Mahmoud Abbas, que escolha entre 'a paz com o Hamas ou a paz com Israel', após este último assinar acordo interino de reconciliação em Doha com o movimento islamita.
'Disse muitas vezes no passado que a Autoridade Palestina deve escolher entre uma aliança com o Hamas ou a paz com Israel. O Hamas e a paz não podem andar juntos', declarou Netanyahu no início de uma reunião de seu partido, o direitista Likud, informou seu escritório.
Netanyahu advertiu a Abbas que se 'colocar em prática o assinado hoje em Doha, estará escolhendo se desligar da via da paz e ligar-se ao Hamas'.
'Digo a Abu Mazen (sobrenome do presidente palestino): Não pode segurar a corda pelos dois lados. É a paz com o Hamas ou a paz com Israel. Não é possível os dois ao mesmo tempo', advertiu.
A reação do premiê israelense chegou horas depois do Hamas e do Fatah, as duas principais facções palestinas, concordarem na capital do Catar que Abbas lidere um Executivo de união nacional até a realização das eleições.
Anteriormente, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense, Yigal Palmor, lamentou um pacto que representa 'maior complacência em relação ao Hamas, o principal obstáculo no caminho da paz e do compromisso'.
Já o atual primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, expressou sua satisfação pelo acordo, que irá implicar sua substituição por Abbas, e pediu sua rápida aplicação.
Este foi o mais importante passo dado até agora para por em prática o documento de reconciliação que ambos os movimentos assinaram em maio no Cairo.
De acordo com o texto, lido nesta segunda-feira em uma entrevista coletiva conjunta de Abbas com o líder do Hamas, Khaled Meshaal, e o emir do Catar, xeque Hamad bin Khalifa Al-Thani, o futuro 'Governo de consenso nacional' incluirá tecnocratas palestinos independentes e terá como missão tramitar as eleições legislativas e presidenciais, previstas para quatro de maio.
O pleito está convocado para esta data há quatro meses, mas o Comitê Eleitoral Central já advertiu que será impossível cumprir o prazo por causa dos atrasos acumulados pelas negociações.
As últimas eleições legislativas palestinas foram em janeiro de 2006, com a vitória do Hamas e o seguinte boicote da comunidade internacional ao novo Governo.
As presidenciais, nas quais o Hamas optou por não apresentar candidato, elegeram há um ano o atual presidente Abbas.