No Irã, passeios com cães em espaços públicos são proibidos devido a uma série de razões religiosas e culturais. Ter cães no país sempre foi algo desencorajado, especialmente após a Revolução Islâmica de 1979, quando as autoridades passaram a considerá-los "impuros" de acordo com os preceitos do Islã.
A visão de que os cães são "impuros" tem raízes profundas na religião islâmica, em que a interação com cães, especialmente com sua saliva, é considerada ritualisticamente impura.
Para as autoridades iranianas, permitir a posse e os passeios públicos com cães significa uma ameaça à moralidade pública e à identidade cultural iraniana. O governo, por isso, associa essa prática ao Ocidente, reforçando a ideia de que a posse de cães é um vestígio de uma cultura estrangeira que precisa ser combatida.
Apesar das restrições rigorosas, a posse de cães tem aumentado no Irã, especialmente entre os jovens, que veem o ato como uma forma de resistência ao regime restritivo. Muitos iranianos desafiam as leis e continuam a passear com seus cães em áreas isoladas ou dentro de veículos para evitar a detecção pelas autoridades.
A pressão sobre o governo, que busca controlar as liberdades individuais, é um reflexo da crescente insatisfação popular.
Para muitos iranianos, ter um cão em casa ou passear com ele nas ruas tornou-se um símbolo de resistência silenciosa contra o regime teocrático, assim como outras práticas culturais, como a resistência ao uso obrigatório do hijab.
O que acontece se alguém passear com um cachorro no Irã?
A aplicação das leis que proíbem passeios com cães tem sido desigual.
Em algumas áreas do Irã, como Teerã, donos de cães continuam desafiando as normas, embora o governo tenha intensificado a fiscalização em cidades como Isfahan e Kerman.
Relatos de punições severas incluem multas de 10 a 100 milhões de riais (aproximadamente US$ 377 a US$ 3.770) ou até punição corporal de 74 chibatadas para quem for pego passeando com cães.
Além disso, há notícias de multas de cerca de US$ 800 (aproximadamente R$ 4.300) para quem for encontrado importando, comprando ou mantendo cães como animais de estimação.