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Nem o Ibirapuera escapa da poluição atmosférica em SP

Parque paulistano que atrai milhares de pessoas em busca de lazer e contato com a natureza possui altas concentrações de ozônio

Pessoas praticam atividades físicas no Parque do Ibirapuera: exposição ao ozônio é maior entre as 10h e 16h. Poluente que reage sob a luz solar pode causar infecções respiratórias. (FERNANDO MORAES / Veja São Paulo)

Pessoas praticam atividades físicas no Parque do Ibirapuera: exposição ao ozônio é maior entre as 10h e 16h. Poluente que reage sob a luz solar pode causar infecções respiratórias. (FERNANDO MORAES / Veja São Paulo)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 29 de maio de 2015 às 15h57.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2018 às 15h24.

São Paulo - Segundo levantamento do jornal Estado de São Paulo, nem mesmo os redutos naturais escapam da poluição paulistana. O parque do Ibirapuera, por exemplo, aparece no topo das regiões que registraram, em 2010, a maior concentração de ozônio na cidade. No ano passado, os níveis desse poluente nocivo ficaram 49 vezes acima do recomendado, segundo a reportagem que analisou dados de monitoramento da qualidade do ar da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB).

Ameaça imperceptível a olho nu, o ozônio não é emitido diretamente no ar, mas resultado de uma reação química, na presença da luz solar, envolvendo substâncias primárias como o dióxido de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, como os hidrocarbonetos, poluentes liberados principalmente por automóveis.  Grosso modo, o ozônio produzido no meio dos congestionamentos comuns da capital paulista tem dois destinos: ou se extingue no próprio trânsito, reagindo com outros elementos químicos, ou segue pela atmosfera para regiões com baixa presença de moléculas de poluentes, a exemplo de parques e regiões distantes dos centros urbanos.

Segundo Paulo Saldiva, chefe do laboratório de Poluição da Faculdade de Saúde Pública da USP, os picos de concentração de ozônio em São Paulo acontecem em municípios da região noroeste, como Embu e Cotia. "Somos nós, da capital, que emitimos o ozônio que polui, não apenas parques locais como o Ibirapuera, mas também cidades vizinhas", afirma. O especialista ressalta que outras regiões cercadas de verde, como o Parque Estadual do Jaraguá e até mesmo o campus da USP, que também atraem praticantes de caminhada e corrida, são alvo da poluição de ozônio.

O que os olhos não vêem, o corpo sente

Em contato com o organismo humano, o ozônio reage principalmente com a mucosa que reveste as vias respiratórias, oxidando-as. Ele altera essa proteção, diminuindo nossas defesas contra infecções. Como consequência, explica Saldiva, podem ocorrer infecções na região, agravamento de crises de asmas, rinites, sinusites, amidalites e bronquites.

O ozônio também potencializa a ação de outros poluentes. De acordo com o professor da USP, a associação com pequenas partículas, como a fuligem liberada pelo escapamento dos carros, tem efeito maior do que cada poluente isolado e pode levar a mortalidade precoce por infarto do miocárdio e crises de hipertensão.

Para se proteger do ozônio, a recomendação aos adeptos de passeios e corridas no Ibirapuera e em outros parques é evitar a exposição no horário das 10h às 16h. "Por se tratar de um poluente que reage sob a luz solar, é nesse período, da manhã à tarde, que o ozônio apresenta maior atividade", explica Saldiva.

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