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Nem cemitérios escapam: migração testa habitação na Alemanha

Diante da crise migratória, Berlim está considerando facilitar que as incorporadoras retirem árvores e construam em cemitérios


	Cemitério: setor habitacional das cidades alemãs já estava sob pressão antes que as ondas de imigrantes começassem a chegar
 (Stock.Xchange/iStockphoto)

Cemitério: setor habitacional das cidades alemãs já estava sob pressão antes que as ondas de imigrantes começassem a chegar (Stock.Xchange/iStockphoto)

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Da Redação

Publicado em 29 de setembro de 2015 às 18h57.

Proprietários de imóveis alemães vêm reclamando há anos que complicadas regulamentações tornam mais difícil e caro construir casas. Agora, diante da previsão de chegada de 800.000 refugiados neste ano e da falta de lugar para acomodá-los, os políticos estão começando a entender esse ponto de vista.

“Queremos acrescentar andares a nossos edifícios, mas são necessários de três a quatro anos para obter um alvará”, disse Rolf Buch, CEO da Vonovia SE, a maior proprietária privada de residências na Alemanha. “Temos o financiamento e a demanda, mas o processo político é lento demais”.

As estritas regulamentações alemãs fazem com que o país seja um dos mais caros da Europa para construir moradia, a 34 por cento acima da média, de acordo com a Eurostat. Autoridades como a chanceler Angela Merkel e governos locais agora estão buscando formas de impulsionar a construção, inclusive aumentando o financiamento e flexibilizando os códigos de construção.

Na semana passada, a chanceler concordou com líderes estatais em dobrar os subsídios disponíveis para a construção de moradias acessíveis, para mais de 1 bilhão de euros (US$ 1,1 bilhão) por ano. Além disso, o governo está tentando agilizar a concessão de alvarás e reduzir os padrões de eficiência energética. Autoridades municipais também estão pressionando por mudanças, e Berlim está considerando facilitar que as incorporadoras retirem árvores e construam em cemitérios.

Sob pressão

O setor habitacional das cidades alemãs já estava sob pressão antes que as ondas de imigrantes começassem a chegar, vindas de países como Síria e Afeganistão, transformando o país no principal destino para os refugiados. A migração dentro das regiões urbanas da Alemanha, combinada com uma queda da atividade construtiva que acabou há alguns anos, provocou a escassez de apartamentos em cidades como Berlim, Hamburgo, Frankfurt e Munique.

A Alemanha precisa construir 350.000 apartamentos por ano, disse o governo em setembro, aumentando a estimativa, que antes era de 270.000, para dar conta da crescente imigração. No ano passado, 220.000 moradias foram construídas no país.

Os refugiados, depois de obter asilo, precisarão sair dos abrigos montados às pressas em bancos, ginásios e contêineres de metal e passar a casas e apartamentos. Os proprietários, como a Vonovia, cobrarão a quantia normalmente paga pelos beneficiários do programa de bem-estar social desde que eles estejam recebendo ajuda do governo. Embora o mercado seja estritamente regulado, a demanda cada vez maior provavelmente vai provocar um aumento no valor dos aluguéis no longo prazo, disse Buch.

Efeitos da migração

Abrigar refugiados nas zonas rurais – onde 1,7 milhão de casas ficam vazias depois do êxodo de jovens que vem ocorrendo há décadas – poderia revigorar economias fora das zonas urbanas famosas e reduzir a pressão sobre os aluguéis nas cidades, disse Reiner Braun, economista da empresa de pesquisa Empirica AG.

O maior efeito será sentido pelo setor construtivo. Construir apartamentos suficientes custará pelo menos 60 bilhões de euros durante os próximos dez anos, de acordo com uma pesquisa da Aengevelt Immobilien, uma corretora imobiliária em Düsseldorf.

“O setor público não tem como gastar tanto”, disse Wulff Aengevelt, diretor da Aengevelt Immobilien. “Os únicos que podem fazer isso são os investidores imobiliários”. O governo deveria criar mais incentivos para as incorporadoras, disse ele.

Buch, da Vonovia, que vem pressionando as autoridades do governo para obter mudanças, disse que está feliz com os avanços que os políticos fizeram recentemente. “Há um reconhecimento e uma disposição para lidar com isso de modo construtivo”, disse ele.

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