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Negociadores correm para anunciar acordo nuclear com o Irã

Após 16 dias de intensas negociações, acordo pode por fim a 13 anos de disputa sobre o polêmico programa nuclear da República Islâmica


	O chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, afirmou hoje a jornalistas que "os debates técnicos estão quase terminados"
 (AFP PHOTO/ATTA KENARE)

O chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, afirmou hoje a jornalistas que "os debates técnicos estão quase terminados" (AFP PHOTO/ATTA KENARE)

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Da Redação

Publicado em 12 de julho de 2015 às 15h06.

Viena - O Irã e o Grupo 5+1 (formado por Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido, além da Alemanha) se preparam neste domingo para a possibilidade de anunciar amanhã, após 16 dias de intensas negociações, um acordo nuclear que ponha fim a 13 anos de disputa sobre o polêmico programa nuclear da República Islâmica.

Os últimos relatos à imprensa de diferentes delegações diplomáticas indicam que se alcançou um entendimento sobre quase todos os assuntos técnicos do eventual tratado.

No entanto, seguem faltando certas "decisões políticas" que devem ser tomadas pelos ministros das Relações Exteriores do Irã e do 5+1, cuja presença completa é aguardada para essa segunda-feira.

O Grupo 5+1 está polindo com o Irã os últimos detalhes de um documento principal que tem cerca de 20 páginas e outras 80 de anexos técnicos e legais.

O chefe da Organização de Energia Atômica do Irã (OEAI), Ali Akbar Salehi, afirmou hoje a alguns jornalistas que "os debates técnicos estão quase terminados e o texto sobre questões técnicas e os anexos estão quase prontos".

Comentários como este fizeram crescer as expectativas de um iminente acordo, inclusive no próprio domingo, mas o Departamento de Estado americano fez agora à tarde um claro apelo por cautela dizendo que Washington "nunca especulou sobre o tempo durante estas negociações".

"Com certeza não começaremos a fazer isso agora, sobretudo pelo fato de que segue havendo assuntos importantes que devem ser resolvidos nestas conversas", acrescentou uma fonte do Departamento de Estado em comunicado de imprensa.

Em tom similar, Alireza Miryousefi, conselheiro do Ministério das Relações Exteriores do Irã, advertiu que fechar um acordo hoje mesmo é "logisticamente impossível", devido ao tamanho do tratado.

Dessa forma se seguia na tarde desse domingo à espera de uma "fumaça branca" nuclear em Viena, onde ministros das Relações Exteriores, diretores políticos e analistas tentam superar os últimos obstáculos de um eventual acordo, considerado já como histórico.

O atual prazo estipulado pelas partes para um acordo vence justamente amanhã, 13 de julho.

Alguns diplomatas, tanto iranianos como ocidentais, demonstraram hoje certo otimismo por poder finalmente cumprir esta data limite, que foi mudada e atrasadas três vezes desde o último dia 30 de junho.

Nesse sentido, uma fonte alemã assinalou à imprensa que o acordo "ainda não está totalmente pronto, mas que os problemas pendentes têm solução".

Por sua parte, o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabuis, enfatizou hoje sua esperança de entrar no que qualificou como "fase final" desta complicada negociação, que já dura quase dois anos.

"Espero que estejamos finalmente na fase final destas maratonistas negociações", comentou o chefe da diplomacia francesa.

O secretário de Estado americano, John Kerry, também se mostrou "esperançoso" hoje diante da imprensa, antes de assistir a uma cerimônia religiosa na catedral de Viena.

"Tivemos uma reunião muito boa. Positiva. Acho que estamos chegando a algumas decisões reais. Diria, porque ainda restam coisas difíceis a fazer, que sigo esperançoso", afirmou ao ser perguntado sobre se acreditava que poderia ser anunciado um acordo ainda hoje.

O principal empecilho parece ser a suspensão de sanções que pesam sobre o Irã, não só as econômicas, comerciais e nucleares, mas também o embargo de armas, como reivindicam os iranianos, com o apoio inequívoco da Rússia.

No entanto, as potências ocidentais nesta negociação multilateral - Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha - resistem a suspender essas sanções.

Washington e seus aliados europeus temem que o Irã possa aproveitar os alívios econômicos de um eventual acordo para armar-se e também para distribuir mais armamento entre seus aliados no Oriente Médio, sejam países como a Síria ou grupos terroristas como Hezbollah e Hamas.

O objetivo final de um acordo durável com o Irã é limitar suas capacidades atômicas e assegurar que a República Islâmica não possa construir uma bomba nuclear em curto prazo.

Em troca das limitações ao programa nuclear iraniano, que devem ser verificadas pela ONU, a comunidade internacional está disposta a apoiar um programa nuclear civil no Irã e suspender as medidas punitivas que pesam sobre o país. EFE

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