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Negociadores chegam a 'consenso possível' sobre declaração final do Brics

Teerã pedia linguagem mais dura e menção de EUA e Israel, mas Índia, EAU, Arábia Saudita se opunham; ainda não há informações sobre exato teor do texto final

O Hotel Nacional, no Rio de Janeiro (RJ), foi palco para Reunião que aconteceu de 30 de junho a 4 de julho (Rafa Neddermeyer/BRICS Brasil)

O Hotel Nacional, no Rio de Janeiro (RJ), foi palco para Reunião que aconteceu de 30 de junho a 4 de julho (Rafa Neddermeyer/BRICS Brasil)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 5 de julho de 2025 às 15h26.

Última atualização em 5 de julho de 2025 às 15h27.

Os sherpas (representantes dos presidentes) finalizaram neste sábado, 5, a versão final da declaração da cúpula do Brics, que começa neste domingo no Rio, chegando a um "consenso possível" sobre três pontos mais sensíveis que vinham dificultando as negociações.

Agora os chefes de Estado do bloco, que se reúne até segunda-feira, 7, baterão o martelo para a aprovação final do texto.

Ainda não há informações sobre o exato teor do texto final, mas, segundo confirmaram autoridades de governos que participam das negociações, os pontos mais sensíveis se referiam à linguagem com a qual se fará referência à demanda de reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, à situação dos palestinos em Gaza e aos ataques ao Irã por parte dos Estados Unidos e de Israel.

Após conversas que entraram pela madrugada, uma das fontes havia afirmado na manhã deste sábado que “estamos quase lá”.

Os debates foram intensos, e esses três pontos exigiram um grande esforço diplomático para alcançar uma linguagem que fosse aceita por todos os membros do grupo (Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Arábia Saudita).

Os ataques de Israel e dos EUA ao Irã, disse uma das fontes consultadas, “tiveram um impacto sobre o posicionamento dos países nas negociações”. Quando os ministros das Relações Exteriores do Brics se reuniram no Rio, no final de abril, o cenário era outro.

Naquele momento, a declaração de chanceleres afirmou, entre outras coisas, que "reafirmamos nosso apoio à adesão plena do Estado da Palestina às Nações Unidas no contexto do compromisso inabalável com a visão da solução de dois Estados, com base no direito internacional”. Embora “visão da solução de dois Estados” não seja um compromisso com “a criação de dois Estados”, a linguagem diplomática foi aceita pela delegação iraniana, e alcançou-se o consenso.

Mas depois vieram os ataques ao Irã, que não reconhece Israel e, portanto, não apoia a solução de dois Estados. O panorama mudou radicalmente, e o consenso entre os chanceleres — que em muitos casos funciona como uma base para a declaração presidencial — rompeu-se. O Irã pedia termos mais duros, o que afetou pontos centrais do texto, principalmente porque Índia, EAU e Arábia Saudita eram contra.

"Esse é um ponto delicado, mas há margem para encontrar caminhos. Hoje o Irã precisa mais do Brics, do que o Brics do Irã", explicou uma fonte antes de se alcançar a versão final do texto.

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