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Negociações de trégua entre Israel e Hamas em Gaza são retomadas no Egito

A proposta dos países mediadores – Catar, Estados Unidos e Egito – baseia-se e uma pausa de seis semanas nos combates e na libertação de 42 reféns

Faixa de Gaza. (Adel Zaanoun com Delphine MATTHIEUSSENT /AFP Photo)

Faixa de Gaza. (Adel Zaanoun com Delphine MATTHIEUSSENT /AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 3 de março de 2024 às 10h00.

Última atualização em 3 de março de 2024 às 10h00.

As negociações são retomadas neste domingo, 3, no Egito sobre uma possível trégua entre Israel e o Hamas durante o Ramadã em Gaza, onde persistem os bombardeios israelenses e a população palestina está à beira da fome.

Delegações do movimento islamista, do Catar e dos Estados Unidos estão na capital egípcia para iniciar "uma nova rodada de negociações".

Os enviados do Hamas precisam decidir sobre a proposta apresentada em Paris no final de janeiro, disse uma fonte próxima do grupo palestino.

Esta proposta dos países mediadores – Catar, Estados Unidos e Egito – baseia-se e uma pausa de seis semanas nos combates e na libertação de 42 reféns em troca de prisioneiros palestinos em Israel.

O objetivo é chegar a uma trégua antes do início do mês de jejum muçulmano, que começará em 10 ou 11 de março.

"A princípio, os israelenses aceitaram os elementos do acordo", disse um alto funcionário dos EUA no sábado, embora Israel não tenha confirmado.

Um acordo poderia ser assinado "dentro de 24 ou 48 horas" se Israel "aceitar as exigências do Hamas, que incluem o retorno dos palestinos deslocados ao norte de Gaza e o aumento da ajuda humanitária", disse neste domingo um alto líder do movimento islamista à AFP.

Fome "quase inevitável"

No terreno, houve bombardeios noturnos nas cidades de Khan Yunis e Rafah, no sul da Faixa de Gaza, segundo um correspondente da AFP.

O governo do Hamas, no poder no enclave desde 2007, indicou que houve disparos de artilharia contra Jabaliya, Beit Hanun, Zeitun e Tal Al Hawa, no norte.

Em quase cinco meses de guerra, as operações militares em retaliação ao ataque sem precedentes do Hamas em Israel, em 7 de outubro, deixaram 30.410 mortos na Faixa, a maioria civis, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do território.

Nas últimas 24 horas, 90 pessoas morreram, 14 delas membros da mesma família, em um bombardeio em Rafah.

No ataque dos comandos do Hamas em solo israelense, cerca de 1.160 pessoas morreram, principalmente civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados israelenses. Os islamistas sequestraram cerca de 250 pessoas, das quais 130 ainda estão detidas em Gaza, segundo as autoridades israelenses.

O conflito também causou uma catástrofe humanitária e a fome é "quase inevitável" para 2,2 milhões de pessoas, a grande maioria da população de Gaza, segundo Jens Laerke, porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

O Ministério da Saúde do Hamas relatou a morte de 16 crianças por "desnutrição e desidratação" nos últimos dias.

O Conselho de Segurança da ONU pediu no sábado a entrega de ajuda humanitária em "grande escala".

66 "pacotes"

Confrontados com dificuldades na entrega de ajuda por estrada ao enclave, sitiado por Israel, os Estados Unidos lançaram no sábado um primeiro envio de alimentos, com 66 "pacotes" contendo 38 mil refeições alimentares, em uma operação em colaboração com a Jordânia, segundo um oficial militar americano.

O fornecimento de ajuda por via terrestre, que depende da autorização israelense, entra a conta-gotas no minúsculo território, principalmente através de Rafah, do Egito.

Os combates, os bombardeios israelenses, os detritos nas estradas e, por vezes, os saques tornam muito perigoso levar ajuda para o norte da Faixa.

Uma distribuição de alimentos na Cidade de Gaza terminou em tragédia na quinta-feira, depois que soldados israelenses abriram fogo contra uma multidão que avançava contra os caminhões.

Segundo o Hamas, 118 pessoas morreram e 760 ficaram feridas.

Israel disse que houve "disparos limitados" por parte dos soldados depois que se sentiram "ameaçados" e que a maioria das vítimas morreu em uma debandada e foi esmagada por caminhões.

Uma equipe da ONU disse ter encontrado um "grande número" de ferimentos a bala em um hospital da cidade onde muitas das vítimas foram internadas.

A comunidade internacional exige uma investigação independente dos fatos.

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