Negociações sírias: o mediador convocou a primeira rodada de negociações em Genebra em janeiro, que fracassou quatro dias depois (Denis Balibouse / Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de março de 2016 às 10h58.
Genebra - As negociações entre as partes em conflito na Síria começarão oficialmente amanhã, quarta-feira, em Genebra, mas o mediador da ONU admitiu que "as reuniões reais" não começarão antes de segunda-feira, 14, como anunciou nesta terça-feira sua porta-voz, Jessy Chahine.
"Posso confirmar que as negociações serão retomadas na tarde do dia 9 de março e todos os participantes podem chegar a partir do dia 9, embora já sabemos que alguns chegarão 12, outros 13, e outros 14. O enviado começará as conversas reais no mais tardar em 14 de março", especificou Chahine.
A porta-voz do enviado especial da ONU para a Síria, Staffan De Mistura, tentou explicar a situação fazendo uma analogia entre as negociações "e um jantar, onde o anfitrião estará pronto desde as 9 e o resto dos convidados chegam à medida que podem".
A nova rodada das negociações entre as partes estava prevista para começar ontem, 7 de março, data que o mediador adiou na semana passada para amanhã.
No entanto, diferentes "problemas logísticos" impediram todas as delegações de estarem em Genebra amanhã, por isso o mediador assumiu que o processo começará, mas sem os interlocutores-chave.
Consultada sobre quem estará presente amanhã e nos dias posteriores, a porta-voz não quis responder, argumentando que "o escritório do mediador só informa dos participantes de uma reunião quando ela está acontecendo ou já aconteceu".
Só acrescentou que, desta vez, "não foram enviados novos convites", e que simplesmente "notificaram as partes" sobre o início das conversas.
A oposição, reunida na Comissão Suprema para as Negociações (CSN), tinha dado a entender que chegaria a Genebra na sexta-feira 11, mas ontem especificou que sua participação continua vinculada à manutenção do cessar-fogo, em vigor desde 27 de fevereiro, e à liberação das áreas sitiadas, entre outros aspectos.
Chahine também não quis falar sobre esta exigência, e se limitou a informar que amanhã o Grupo de Trabalho sobre a Cessação das Hostilidades se reunirá.
Ele é formado por Estados Unidos, Rússia e outros países com influência no conflito, que são os promotores do cessar-fogo.
"Nós não organizamos nem verificamos a cessação das hostilidades", especificou a porta-voz.
Amanhã também se reunirá o Grupo de Trabalho sobre Acesso Humanitário, para avaliar como avança o processo de distribuição de assistência ao quase meio milhão de pessoas que vivem em 18 áreas sitiadas do país.
Sobre as negociações, a porta-voz explicou que o mediador começará realizando "reuniões preparatórias", para depois lançar as "conversas de proximidade", ou seja, que as delegações não se sentarão na mesma mesa e será Mistura que irá de um grupo a outro expondo os diferentes pontos de vista.
O mediador convocou a primeira rodada de negociações em Genebra em janeiro, que fracassou quatro dias depois de começar sem que as partes chegassem nem a um acordo sobre se o processo tinha começado ou não.
Em cinco anos de guerra, mais de 250 mil pessoas morrreram e 12 milhões foram deslocadas na Síria.