Mundo

Negacionista da pandemia, presidente do México toma vacina

O presidente Andrés Manuel López Obrador foi vacinado com o imunizante da AstraZeneca nesta terça-feira, 20, após negar a gravidade da pandemia ao longo do ano passado

Andres Manuel Lopez Obrador, após receber dose da AstraZeneca: presidente mexicano incentivou população a se vacinar (Henry Romero/Reuters)

Andres Manuel Lopez Obrador, após receber dose da AstraZeneca: presidente mexicano incentivou população a se vacinar (Henry Romero/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 20 de abril de 2021 às 12h22.

Última atualização em 20 de abril de 2021 às 22h27.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador (o Amlo), tomou nesta terça-feira, 20, sua primeira dose da vacina contra a covid-19.

Amlo foi vacinado com a vacina da AstraZeneca com a universidade de Oxford. A vacinação foi transmitida em suas redes sociais.

"Não dói, e além disso ajuda muito, protege a todos nós. Não há risco algum", disse.

O presidente mexicano ficou conhecido ao longo da pandemia por negar a gravidade da doença. Durante o ano passado, fez eventos lotados, saiu às ruas e pediu beijos e abraços dos mexicanos, frequentemente sem máscara. Chegou a dizer que "não vai acontecer nada" caso as pessoas mantivessem o contato durante a covid, e foi contra quarentenas no México.

O país vacinou mais de 14 milhões de pessoas, mas, como em outros lugares na América Latina, a vacinação tem sido mais lenta do que o esperado. Cerca de 9% dos mexicanos recebeu ao menos a primeira dose (no Brasil, a taxa é de pouco mais de 12%).

Lopez Obrador também foi um dos líderes a contrair covid-19, em janeiro deste ano. Depois disso, chegou a dizer que não iria se vacinar até que todos os adultos mexicanos se vacinassem, pela falta de doses. No entanto, decidiu se vacinar recentemente para dar confiança à população, segundo ele.

A vacinação do presidente ocorre também após reguladores mostrarem que a vacina oferece um risco -- muito raro -- de formação de coágulos sanguíneos e trombose. O primeiro caso foi registrado no México nos últimos dias.

No entanto, reguladores da União Europeia e pesquisadores em todo o mundo reforçam que os benefícios superam muito os riscos. Como mostrou a EXAME, a taxa de trombose associada, por exemplo, a medicamento anticoncepcional oral, pode ser mais de 10.000 vezes maior que o risco dos efeitos colaterais da vacina.

(Dados da Johns Hopkins University, coletados por Our World In Data. Adaptado./Reprodução)

Com quase 130 milhões de pessoas (pouco menos da metade da população brasileira), o México chegou a ter mais de 1.000 mortes por dia. O número de óbitos vem caindo nas últimas semanas, mas as novas variantes da covid-19, que já assolam o vizinho EUA, são uma preocupação.

O México teve mais mortes por covid relativas à população do que o Brasil em vários momentos da pandemia. Em março, no entanto, com a escalada da covid-19, o Brasil se tornou o com mais mortes em número de óbitos por milhão de habitantes.

Acompanhe tudo sobre:Cidade do MéxicoMéxicovacina contra coronavírus

Mais de Mundo

Prefeita de Los Angeles demite chefe dos bombeiros por gestão de incêndios

Juiz adia julgamento de prefeito de Nova York por corrupção, mas rejeita arquivar o caso

Homem é gravemente ferido após ser atacado no memorial do Holocausto em Berlim

Procuradoria rejeita denúncia de Evo Morales sobre suposto 'atentado' na Bolívia