Um especialista em armas químicas da ONU segura um saco plástico contendo amostras de um dos locais de um ataque químico na Síria (Mohamed Abdullah/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de abril de 2014 às 18h15.
A Bordo do Cape Ray - Especialistas a bordo de um navio de carga transformado em um destruidor de armas químicas avaliado em milhões de dólares disseram nesta quinta-feira que estão prontos para começar a trabalhar no estoque sírio de armas tóxicas no meio do Mediterrâneo já em maio.
Agora eles só têm de esperar o tempo se assentar e que a Síria entregue o material no prazo.
O ex-navio-contênier Cape Ray, ancorado no sul da Espanha, foi suprido com equipamentos no valor de pelo menos 10 milhões de dólares para receber cerca de 560 toneladas métricas dos agentes químicos mais perigosos da Síria e levá-los ao mar, disseram autoridades.
O governo sírio, em luta contra grupos rebeldes há três anos, concordou em entregar seu arsenal, que inclui precursores de agentes nervosos letais como gás sarin, de mostarda e enxofre, no âmbito de um acordo internacional apoiado por Washington e Moscou.
No Cape Ray, a equipe especializada vai transformar boa parte desse material em uma mistura de substâncias químicas bem menos tóxica, pronta para ser eliminada em terra. O processo, dizem os encarregados da tarefa no navio, é bastante simples. O principal elemento para neutralizar os agentes é a água quente.
Mas as coisas podem ficar mais complicadas se o mar estiver agitado.
"Tudo depende do balanço do navio e eles testaram isso", disse o porta-voz da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), Michael Luhan, que está executando a operação de eliminação junto à Organização das Nações Unidas.
"Eles fizeram alguns testes com o Cabo Ray antes de zarpar e estão confiantes de que devem ser capazes de manter as operações em um mar relativamente calmo", acrescentou.
Se o mar estiver calmo, o Cape Ray - com uma escolta de segurança de 10 países - irá para algum lugar em águas internacionais e levará cerca de 60 dias para neutralizar os agentes químicos, disse o contra-almirante Bob Burke, diretor de operações navais dos Estados Unidos na Europa e África.
Mas se as condições forem de águas agitadas, o processo poderá se estender por 90 dias, apesar de o clima naquela época do ano ser geralmente muito bom, acrescentou.
Aconteça o que acontecer, não haverá nenhum risco para as águas azuis do Mediterrâneo, insistiram eles. "O navio irá armazenar cada gota de efluentes do processo de destruição. Nem uma gota vai para o mar", afirmou Luhan.