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Navio de imigrantes Lifeline poderá atracar em Malta

O chefe de governo italiano afirmou que parte dos imigrantes será recebido pela Itália, depois de esperar uma semana para ser recebido em um porto

Há uma semana, o navio "Lifeline" está a cerca de 30 milhas da costa maltesa (Antonio Parrinello/Reuters)

Há uma semana, o navio "Lifeline" está a cerca de 30 milhas da costa maltesa (Antonio Parrinello/Reuters)

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AFP

Publicado em 26 de junho de 2018 às 12h34.

Depois de esperar uma semana para ser recebido em um porto, o navio humanitário "Lifeline" poderá, enfim, acostar em Malta, e uma parte dos 233 imigrantes a bordo será recebida pela Itália - anunciou nesta terça-feira (26) o chefe de governo italiano, Giuseppe Conte.

"Acabo de falar com o presidente (maltês) Muscat no telefone: o navio da ONG 'Lifeline' vai acostar em Malta", declarou Conte em um comunicado, acrescentando que "a Itália vai acolher uma parte dos migrantes".

"Acertamos com o presidente maltês que o navio será submetido a uma investigação para determinar sua nacionalidade efetiva e o respeito das regras do Direito Internacional por parte da tripulação", acrescentou.

Conte não especificou quando o navio será autorizado a atracar em Malta, nem quantos imigrantes a Itália vai acolher.

"Para as mulheres e crianças que realmente fogem da guerra, as portas estão abertas. Para todos os outros, não!", tuitou o ministro italiano do Interior, o ultraconservador Matteo Salvini.

Questionada pela AFP, uma fonte ligada ao governo maltês disse que o país "vai autorizar o desembarque apenas depois que os Estados-membros confirmarem que assumirão sua cota de imigrantes".

"Há muita informação circulando, muitos comunicados, mas nossa situação atual é que o navio não tem qualquer informação", criticou Erik Marquardt, porta-voz da ONG alemã Lifeline, que fretou o navio de mesmo nome.

Mais cedo nesta terça, o porta-voz do governo francês, Benjamin Griveaux, havia dito que uma "solução europeia" parecia se desenhar para o navio. "Será um desembarque em Malta", comentou, em entrevista à rádio RTL.

Em conversa com a AFP, um porta-voz do governo maltês havia evocado "discussões em curso", iniciadas no fim de semana. Já o primeiro-ministro maltês tuitou que as Forças Armadas retiraram uma pessoa da embarcação, durante à noite, após receberem uma chamada.

Pequena ilha mediterrânea com pouco mais de 400 mil habitantes, Malta se recusou, porém, a abrir seus portos para o navio humanitário "Aquarius", sem imigrantes a bordo, segundo a ONG SOS Méditerranée.

O "Aquarius" seguiu, então, para Marselha para uma escala técnica, que deverá ser feita nos próximos dias, após a recusa de Malta e da impossibilidade de atracar na Itália.

Roma não parece disposta a se desviar da linha-dura estabelecida desde a chegada ao poder do governo populista em 1º de junho, formado pela Liga (extrema direita) de Matteo Salvini e pelo Movimento Cindo Estrelas (M5S, antissistema). As ONGs "cúmplices, consciente, ou inconscientemente, dos traficantes" estão proibidas de entrar nos portos italianos, reafirmou Salvini na segunda-feira.

Calor e falta de higiene

Os imigrantes do "Lifeline" enfrentavam, nesta terça-feira (26), calor e condições sanitárias que se degradam a cada dia. Há uma semana, o grupo está na expectativa, a bordo desse navio situado a cerca de 30 milhas da costa maltesa.

"A bordo não tem banheiro químico, mas três pequenos banheiros em mau estado, que todo o mundo usa. O comandante do navio abriu seu banheiro, mas apenas para as 44 mulheres e crianças e é preciso fazer uma longa fila", escreve o jornal italiano "La Repubblica".

Em contrapartida, 108 imigrantes conseguiram enfim desembarcar, na madrugada desta terça, em Pozzallo, na Sicília, após mais de três dias de espera em um porta-contêiner dinamarquês, o "Alexander Maersk". A embarcação os resgatou na sexta-feira, na costa líbia.

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