Bandeira da Líbia (GettyImages/Getty Images)
AFP
Publicado em 25 de novembro de 2017 às 20h20.
Mais de 30 imigrantes morreram e outros 200 foram resgatados com vida neste sábado (25), após o naufrágio de duas embarcações ao largo da costa da Líbia, de acordo com a Marinha do país norte-africano.
A Guarda Costeira líbia realizou duas operações de resgate ao largo de Garaboulli (60 km a leste de Trípoli), informou o coronel Abou Ajila Abdelbarri, chefe da Guarda Costeira em Trípoli.
"Quando chegamos no local, descobrimos um primeiro bote inflável afundado onde várias pessoas se agarravam", explicou.
"Conseguimos salvar 60 pessoas e recuperar 31 corpos da água", disse ele.
Em torno do segundo bote, havia "140 sobreviventes", acrescentou, sem especificar se há passageiros desaparecidos.
"As condições climáticas parecem propícias ao envio de imigrantes para as costas europeias a bordo de embarcações perigosas", que lutam para chegar ao seu destino, indicou.
De acordo com o comandante Nasser al-Gammoudi, "75% do (primeiro) bote afundou".
"Por mais de cinco horas buscamos outros sobreviventes (...) Então, atraídos por gritos, fomos capazes de resgatar uma mulher", disse ele.
Os sobreviventes foram levados à Base Naval de Trípoli, onde as autoridades da Líbia forneceram água e comida, bem como cuidados médicos.
A ONG francesa SOS Méditerranée anunciou posteriormente ter resgatado em águas internacionais em frente à Líbia mais de 400 pessoas que estavam a bordo de um barco de madeira muito deteriorado.
A guarda costeira italiana, que coordena as operações de resgate em águas internacionais, contou à AFP que outras operações de salvamento estão sendo realizadas na noite de sábado.
Também revelaram que um total de 1.500 pessoas foram salvas na quinta e na sexta-feira.
Os imigrantes interceptados ou resgatados pelos guardas costeiros da Líbia geralmente são detidos em centros de detenção para repatriação para seus países de origem, mas o tempo de espera às vezes é longo e ocorre em condições deploráveis.
O drama deste sábado ocorre dias depois da difusão pela emissora de TV americana CNN de um documentário mostrando a existência de venda de escravos migrantes perto de Trípoli, o que causou comoção e indignação em todo o mundo.
As autoridades líbias iniciaram uma investigação para identificar e deter os responsáveis para que respondam perante a Justiça por seus atos, qualificados como "desumanos".
Desde que veio à tona o escândalo, as autoridades líbias de defendem, ao destacar a carga que o problema dos migrantes representa, quando o país enfrenta crise política, insegurança e graves dificuldades econômicas desde a queda do regime de Muammar Kadhafi, em 2011.
O número de pessoas que atravessam o Mediterrâneo partindo da Líbia para tentar chegar à Itália baixou entre julho e setembro, passando de 11.500 a 6.300, para um total de 21.700 em todo o trimestre.