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Naufrágio no Mediterrâneo deixa 700 emigrantes desaparecidos

Segundo um dos sobreviventes, ouvido pelas autoridades de Catânia (Sicília), o barco transportava cerca de 950 pessoas

Imigrantes chegam no porto de Messina, Itália, após serem resgatados, no dia 18 de abril de 2015 (Afp.com / GIOVANNI ISOLINO)

Imigrantes chegam no porto de Messina, Itália, após serem resgatados, no dia 18 de abril de 2015 (Afp.com / GIOVANNI ISOLINO)

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Da Redação

Publicado em 20 de abril de 2015 às 07h04.

Roma - O naufrágio de um barco de emigrantes ao largo da costa da Líbia deixou cerca de 700 desaparecidos neste domingo, em um acidente que surge como "a pior tragédia" ocorrida no Mediterrâneo, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

Os últimos números oficiais do naufrágio apontam 24 mortos e 28 sobreviventes, informou a Guarda Costeira italiana, que coordena as operações de resgate.

Segundo um dos sobreviventes, ouvido pelas autoridades de Catânia (Sicília), o barco transportava cerca de 950 pessoas, incluindo 50 crianças e 200 mulheres.

O navio afundou a cerca de 130 km da costa líbia e de acordo com outros sobreviventes, carregava mais de 700 pessoas, revelou Carlotta Sami, porta-voz do Acnur na Itália, à rede de televisão italiana Rainews24.

Se estes números forem confirmados, será "a pior tragédia jamais vista no Mediterrâneo", afirmou a porta-voz.

Equipes de resgate italianas não confirmaram que havia 700 pessoas a bordo, mas indicaram que a embarcação, de 20 metros de comprimento, tinha "capacidade para transportar várias centenas de pessoas".

- Reunião urgente -

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, anunciou que planeja um encontro extraordinário para analisar a imigração clandestina.

"Falei com o primeiro-ministro (de Malta, Joseph) Muscat após estas mortes trágicas no Mediterrâneo. Vou prosseguir com as discussões com os líderes europeus, a Comissão e os serviços diplomáticos da UE sobre como enfrentar esta situação", disse Tusk no Twitter.

Segundo Preben Aamann, porta-voz de Tusk, o presidente do Conselho Europeu "tomará uma decisão sobre um encontro extraordinário após tais consultas".

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse que a resposta para esta situação "tem que vir da Europa" e que "já não vale a pena as palavras, temos de agir". "Os europeus serão descreditados se não forem capazes de evitar tais situações dramáticas", disse Rajoy, durante um comício eleitoral em Alicante.

O chefe do governo italiano, Matteo Renzi, pediu uma cúpula europeia urgente após o naufrágio.

"Estamos trabalhando para nos assegurarmos de que essa reunião aconteça no final da próxima semana. Deve ser uma prioridade", afirmou Renzi durante coletiva de imprensa, qualificando a crise migratória de "flagelo" que a Europa de enfrentar.

A chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, decidiu incluir o tema na agenda da reunião informal de ministros das Relações Exteriores da cúpula da UE desta segunda-feira em Luxemburgo.

O alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, disse que "este desastre confirma a urgência de restaurar uma operação de salvamento no mar e estabelecer vias legais críveis para chegar à Europa". "Caso contrário, as pessoas que procuram segurança continuarão a morrer no mar", acrescentou.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu aos governos que "compartilhem a carga de abrigar os refugiados" e apelou à "solidariedade internacional" diante da crise.

Ban Ki-moon manifestou sua profunda tristeza com o naufrágio e destacou que trata-se do "último de uma série de acidentes" registrados desde a semana passada.

Esta nova tragédia no Mediterrâneo se soma a dois outros naufrágios nos últimos dias, um dos quais deixou 400 mortos e outro mais de 40, segundo relatos de sobreviventes à Organização Internacional para as Migrações (OIM) e organizações não-governamentais.

- Importante dispositivo de socorro -

O navio lançou um aviso no domingo de manhã capturado pela guarda costeira italiana, que alertou um navio cargueiro português que estava na área.

Quando o cargueiro chegou, cerca de 220 km ao sul da ilha italiana de Lampedusa, a tripulação avistou o barco naufragando.

Mas as pessoas do navio em perigo correram todas para o mesmo lado, o que pode ter causado o desastre - disse a porta-voz do Acnur.

As autoridades italianas coordenaram uma grande dispositivo de resgate de 17 navios das marinhas da Itália e de Malta principalmente, relatou a guarda costeira italiana e um porta-voz da marinha de Malta entrevistado pela AFP, explicando que o alarme foi dado em torno da meia-noite local (19h de Brasília).

Diariamente, a guarda costeira italiana ou navios mercantes resgatam uma média de entre 500 e 1.000 pessoas. Mais de 11.000 foram resgatados em uma única semana, de acordo com a Guarda Costeira.

Várias organizações humanitárias internacionais têm denunciado nos últimos dias a inação das autoridades europeias.

"Uma operação Mare Nostrum europeia é necessária", criticou a porta-voz do Acnur. A operação de resgate de migrantes italiana Mare Nostrum foi substituída este ano pela operação Triton, uma operação de vigilância das fronteiras muito mais modesta.

Mais de 900 migrantes morreram até agora este ano em sua jornada entre a Líbia e Itália, sem contar com esta nova tragédia, em comparação com menos de 50 que morreram no ano passado no mesmo período, quando a Mare Nostrum ainda estava em funcionamento, afirmaram esta semana organizações humanitárias.

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