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Natal é mais uma vez triste para cristãos sírios refugiados

A igreja de São Jorge está cheia de fiéis em uma missa antes do Natal


	Cristãos: a maioria dos cristãos que frequentam a igreja são refugiados da província síria de Al Hasaka e seguidores da Igreja Assíria Oriental
 (Gali Tibbon/AFP)

Cristãos: a maioria dos cristãos que frequentam a igreja são refugiados da província síria de Al Hasaka e seguidores da Igreja Assíria Oriental (Gali Tibbon/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de dezembro de 2013 às 09h47.

Beirute - O Natal veio triste mais uma vez para muitos cristãos sírios que foram expulsos de casa pela guerra e agora vivem no Líbano, onde buscam consolo com outros fiéis e em meio às privações e à saudade de um passado recente.

A igreja de São Jorge está cheia de fiéis em uma missa antes do Natal. Homens e mulheres escutam, dos bancos, o padre, que mesmo com a presença massiva chama a atenção por não terem levado seus filhos: "Parece que vocês tinham mais fé quando estavam na Síria", repreende.

Quase não se percebe que é Natal na igreja, onde apenas algumas folhas de bico-de-papagaio enfeitam o altar.

"Somos uma paróquia pobre e agora estamos ainda mais. Por causa das circunstâncias precisamos ajudar os fiéis, não estamos para grandes comemorações", explica à Agência Efe o religioso Yatron Koliana em sua sala no local, situado no distrito Assírio, um bairro operário no leste de Beirute.

A maioria dos cristãos que frequentam a igreja são refugiados da província síria de Al Hasaka e seguidores da Igreja Assíria Oriental, uma das muitas ramificações em que se divide o rito siríaco, uma das variantes da cristandade em Oriente.

Para muitos, a celebração do Natal se resumirá a ir à Missa do Galo na noite de hoje e a outra especial amanhã de manhã, longe das festas de outros anos em que faziam banquetes, visitavam parentes e preparam presentes para as crianças.

As necessidades aqui são muitas: "É preciso atender os doentes, especialmente os idosos, porque muitos não têm acesso a médicos, a maioria das crianças não pode ir ao colégio, e há quem não tenha dinheiro nem para compra comida: muitos trouxeram suas economias em moeda síria, que se desvalorizou", explica Koliana.


Fora da sala, no exterior da igreja, vários fiéis conversam após a missa em seu idioma, o assírio, uma mistura de acádio, uma antiga língua de Mesopotâmia, com o aramaico, que também se usa na liturgia.

Suas histórias são relatos de saques, sequestros e mortes em Al Hasaka, onde vive a maior parte dos assírios da Síria, um grupo étnico de maioria cristã, que também vive no Iraque e Turquia.

"Em minha cidade, Tel Tarma, houve roubos e raptos por parte de árabes, da Frente al Nusra (vinculada à Al Qaeda)", relata à Efe Afrain Hasado, de 66 anos, que chegou ao Líbano há quatro meses.

Apenas um dos dois filhos de Hasado conseguiu trabalho no país e seu salário mal chega até o fim de mês. "Não faremos nada especial para o Natal, iremos à igreja", desabafa Hasado, enquanto passa os dedos pelas contas de um terço.

"Éramos felizes na Síria, mas a situação mudou. No Natal costumávamos fazer festas e visitar a família", lembra.

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