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Nas urnas, Suíça rejeita proposta populista

Para os críticos, uma eventual aprovação poderia significar o fim da posição do país de mediador em conflitos internacionais e crises.

Bandeira suíça: segundo dados oficiais, 66,2% da população votou contra a iniciativa de grupos nacionalistas que defendiam a "autodeterminação" (Michele Tantussi/Getty Images)

Bandeira suíça: segundo dados oficiais, 66,2% da população votou contra a iniciativa de grupos nacionalistas que defendiam a "autodeterminação" (Michele Tantussi/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de novembro de 2018 às 06h42.

Genebra - A população suíça rejeitou neste domingo, 25, por ampla maioria uma proposta de partidos populistas de colocar a Constituição do país europeu acima do direito internacional e dos tratados. Batizado informalmente de "Suíça Primeiro", numa referências às propostas do presidente americano, Donald Trump, o projeto foi derrotado após quatro anos de debates.

Para os críticos, uma eventual aprovação poderia significar o fim da posição do país de mediador em conflitos internacionais e crises.

Segundo dados oficiais, 66,2% da população votou contra a iniciativa de grupos nacionalistas que defendiam a "autodeterminação". O resultado foi comemorado por ONGs, empresários e pelo governo. Para a ministra da Justiça, Simonetta Sommaruga, os suíços deixaram claro que não querem um sistema que crie problemas com tratados internacionais.

O projeto pedia a "preservação da soberania" da Suíça e a garantia que a população tivesse a última palavra sobre tratados internacionais. A iniciativa foi interpretada como mais um exemplo de uma ofensiva de extrema direita, que vem ganhando força na Europa e em outros continentes. Caso aprovada, a lei exigiria que todos os acordos internacionais fossem cancelados ou renegociados, se não estivessem de acordo com os artigos da Constituição suíça.

Para o partido que a idealizou, o UDC, o projeto deveria ser entendido como uma definição de "quem é que manda em sua casa". A ideia veiculada aos eleitores era de que, no apartamento de cada um, as regras estabelecidas são as dos proprietário. Seus opositores alertavam, de forma irônica, que, nesse apartamento, também deve ser considerado a vida comunitária, a relação com os vizinhos, o uso de espaços em comum e regras para todo o edifício.

O projeto era, acima de tudo, uma tentativa de limitar o poder da Corte Europeia de Direitos Humanos, que nos últimos dez anos emitiu decisões contrárias aos partidos de extrema direita no país. Para o governo, uma vitória do projeto significaria a abertura de uma era de incertezas no campo internacional.

O UDC gastou US$ 8 milhões apenas para o referendo, o que é considerado como um recorde para esse tipo de votação. "É decepcionante perder de tal forma", admitiu o deputado Claudio Zanetti. O partido foi o mesmo que, no passado, propôs expulsar estrangeiros que cometem crimes, baniu a construção de minaretes e espalhou cartazes de ovelhas brancas chutando para fora da Suíça ovelhas negras.

Vacas

Nas urnas, também foi derrotado o projeto que sugeria que fazendeiros recebessem quase US$ 200,00 por ano por vaca em subsídios se o pecuarista deixasse os chifres dos animais crescer.

Hoje, eles são incentivados a cortá-los para evitar acidentes, mas o grupo que apoiava a ideia insistia que as vacas estariam "mais felizes" com seus chifres. O "não" venceu com 54% dos votos.

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